Uma das principais
marcas de Jesus na humanidade foi a sua preocupação com o outro, ou, como
Jesus mesmo chamava, o próximo. Seu altruísmo é tamanho que pode ser visto
no seu ato salvífico na cruz, uma vez que Ele livremente se entregou para
morrer em sacrifício pelos pecados da humanidade, em lugar dos humanos. Por
isso se diz que Jesus, e só Jesus, salva o homem do seu pecado e da
consequência desse pecado (que não vem a ser objetivo do nosso estudo, mas,
para que o leitor não fique curioso, trata-se do tão famigerado inferno).
Não seria de se
espantar que Jesus, no discipulado que fez com os seus amigos, que ficaram
conhecidos como discípulos, os ensinou a fazer o que fazia: preocupar-se com
os outros.
Uma das características
que vemos do discipulado de Jesus é a sua intencionalidade. Tudo o que Jesus
fez para com os outros tinha motivações internas e intenções (todas boas,
uma vez que este autor crê que Jesus é santo e puro).
Uma das passagens em que
se pode notar essa intencionalidade é a de Mateus 14, em que Jesus “ordena” a
seus discípulos que entrassem no barco e manda que eles atravessassem o mar da
Galileia, à noite. No meio da travessia, o barco era açoitado pelas ondas e
Jesus aparece como um fantasma andando por sobre as águas. Com certeza houve
intenção da parte de Jesus em enviar os doze para aquela vivência, para que
eles pudessem ver e perceber a divindade de Jesus.
Outra passagem em que
podemos perceber a intencionalidade de Jesus é a que narra a passagem de Jesus
por Samaria e o seu encontro com a mulher samaritana à beira do poço (João
4). Há intenção da parte de Jesus para com seus discípulos de lhes ensinar
sobre cura, redenção, perdão e não acepção de pessoas, mas também para
com a mulher na conversa que Jesus tem com ela.
O próprio discipulado
que Jesus realizou com os doze e com outros que o acompanhavam (textos como os
de Lucas 10 nos mostra isso) tem a ver com o preocupar-se com o outro. Isso
fica muito claro na ordem de Jesus expressa em Mateus 28:18-20. Esse texto é
conhecido como a “Grande Comissão”, ou o comissionamento de Jesus à sua
igreja espalhada pela terra (nós inclusos). Nele, uma das grandes ordens é
fazer discípulos, ou seja, investir tempo em alguém, para que esse alguém
cresça como um cristão forte e maduro que possa discipular outros cristãos.
Uma das belezas do
discipulado de Jesus é que ele não se coloca num pedestal e obriga seus
discípulos a adorá-lo. A adoração é uma consequência da amizade que Jesus
constrói conosco. Ele mesmo disse isso e nos chamou de amigos, nos dignificou
com essa honra. João deixou isso narrado no capítulo 15 do evangelho que
escreveu. O conceito de amizade em Jesus é o de compartilhar uma vida, o de
andar junto, de ajudar o próximo, corrigi-lo, amá-lo... como Jesus amou.
A partir do ponto em que
nos tornamos amigos de Jesus, e Ele reformula o nosso conceito de amizade,
passamos a enxergar a amizade de outra forma, com os olhos de Jesus, olhando o
outro, como um ser integral, tão necessitado da graça de Jesus quanto eu.
Foi para essa finalidade
que Jesus criou a igreja, um corpo dinâmico, vivo, o seu corpo, para que
pudéssemos nutrir amizades em Jesus, ajudar pessoas em Jesus e por causa de
Jesus, adorar a Jesus com outras pessoas, ajudar o corpo a se desenvolver como
corpo vivo que é. Arrisco a dizer que Jesus criou a igreja mais por nossa
causa do que por ele. Nós precisamos da igreja, ele não. Jesus é pleno! Não
tem necessidade de nada. Cria a igreja para que nós pudéssemos ter a vivência
do outro nele e por ele, orientados por ele, na sua força. A esse olhar para o
outro e preocupar-se com o outro podemos dar o nome de serviço. Seria uma boa
palavra que resumiria um dos objetivos da igreja.
Num texto com a
formatação como esta, não é possível explorar os matizes do assunto.
Apenas os pincelamos para que o leitor fique curioso e reflexivo sobre os temas
abordados. Entretanto, ainda falta um – evangelização.
Na verdade, não falta,
ele está em cada um dos que foi abordado acima. Evangelizar é levar a Boa
Notícia de que Jesus é aquele único que nos salva (do nosso pecado e sua
consequência). Olhemos para Jesus! Como ele fazia isso? Bem, ele evangelizava
pregando, é verdade, mas também discipulando, comendo uma boa refeição com
os seus amigos, num passeio pelo jardim, numa viagem até uma cidade próxima,
numa cura de alguém, até mesmo quando seus amigos morriam. A preocupação de
Jesus com a salvação da humanidade não estava demonstrada em alguns atos ou
palavras, mas na sua vida por inteiro, na sua forma de viver e lidar com o
outro. Jesus faz isso com maestria, até hoje!
O discipulado de Jesus
nos leva a olhar para o outro da mesma forma que ele olha.
Diné Lota
Diné Lota