A parábola do credor
incompassivo (Mateus 18:23-35) é um daqueles textos que merece ser lido e
relido várias vezes ao ano, quer na Igreja, quer individualmente. O tema
central da parábola é, como todos os leitores da Bíblia sabem, o perdão.
Porque é que o Senhor Jesus sentiu necessidade de comparar o Reino dos Céus a
esta história e a abordar este tema?
A história é muito
simples e resume-se facilmente. Um homem que devia uma fortuna ao seu rei
(desconhece-se como é que essa dívida foi constituída) e a quem lhe é
pedido contas, não tendo como pagar, ouve uma decisão dura para si, para a
sua família e a sua fazenda: todos e tudo fosse vendido para que o rei pudesse
recuperar a dívida ou, pelo menos, uma parte dela. Perante tal sentença o
devedor prostrou-se e pediu clemência ao seu senhor. Cumprida a sentença
teria a sua vida e a dos seus completamente arruinada e nunca mais seria
ninguém na vida.
Perante tal atitude, o
rei perdoa-lhe a enorme dívida, tendo o texto um pormenor de extrema
importância. Diz Mateus na sua narrativa que o rei foi “movido de íntima
compaixão” (18:27). Soltou-o não mais lhe exigindo o pagamento da dívida.
Poderíamos dizer em nome do servo: Que alívio!
Logo após este servo
encontra um conservo que tinha para com ele uma pequena dívida. Como o
instasse a pagar, o conservo arroja-se aos seus pés e pede-lhe que lhe dê
algum tempo e tudo seria pago. O credor não aceita e encerra o conservo na
prisão, coisa que caiu mal a todos quantos acompanharam tal procedimento e,
tão incomodados ficaram que o fizeram saber ao seu senhor.
E é aqui que a
parábola pega directamente connosco e com os nossos procedimentos. O texto
diz-nos que o senhor chamou o seu servo e condena-o liminarmente ao pagamento
integral da dívida.
O Senhor Jesus
ensinou-nos que o reino de DEUS é semelhante à história que é contada nesta
parábola. O que é que isto quer dizer?
Exercer o perdão é
algo que está implícito à vida do cristão, em primeiro. Em segundo, que
todos nós somos devedores para com DEUS o Pai, para com o Jesus, o Filho, e
para com o Espírito Santo. Para com o Pai porque somos criaturas Suas feitos
à Sua imagem e semelhança e nós pecamos contra Ele; para com o Filho porque
foi Ele que derramou o Seu sangue para nos salvar, nos justificar, nos
reconciliar com o Pai, pagando o preço da nossa enorme dívida; e para com o
Espírito porque é Ele que nos convence do pecado, da justiça, do juízo e,
depois de tudo isto, nos dá o penhor da nossa salvação porque Ele é o
Consolador que nos ampara e acompanha em todos os momentos.
Este tema foi abordado
pelo Senhor para que não nos esqueçamos que também nós somos devedores, e
só entramos no Reino dos Céus porque DEUS nos perdoou primeiro. Como não
havemos nós de aceitar o perdão e perdoar também?
Alberto Carneiro