Quando se aproximou e viu a cidade, Jesus chorou sobre ela e disse: "Se você compreendesse neste dia, sim, você também, o que
traz a paz! Mas agora isso está oculto aos seus olhos.
Virão dias em que os seus inimigos construirão trincheiras contra você, e
a rodearão e a cercarão de todos os lados.
Também a lançarão por terra, você e os seus filhos. Não deixarão pedra
sobre pedra, porque você não reconheceu o tempo em que Deus a visitaria".
Lucas 19:41-44
Durante seis anos tive o privilégio de viver
nos Estados Unidos de América. Regressei a Portugal quando tinha 21 anos, no
longínquo ano de 1997. Nos 18 anos seguintes não tive oportunidade de voltar
aquele país que tanto contribuiu para a minha formação. A cada ano que passava
as saudades foram aumentando e para o final já eram constantes os suspiros
sempre que as ruas de Nova Iorque apareciam em algum programa na televisão.
No primeiro dia que regressei, fiz questão de
pedir aos que me acompanhavam, e aos que me recebiam, para me concederem a
oportunidade de comer Taco Bell (uma cadeia de comida mexicana), a ver a cidade
de Nova Iorque. Assim foi. Vocês não têm ideia da emoção que senti. Estar ali,
agora com a minha esposa, a ver a minha cidade favorita era uma experiência e
tanto. O cansaço da viagem quase que nem se fazia sentir. Eu fiquei tão
emocionado e alegre ao ver a cidade. Eu chorei perante aquele lindo cenário!
Três dias depois daquela visão de Nova Iorque
tive a oportunidade de finalmente entrar na cidade que não dorme. Eu tinha
finalmente voltado! Nos cinco dias seguintes pude então visitar vários lugares
bonitos e interessantes, sentir cheiros e relembrar sabores que quase havia
esquecido. Visitei museus, andei de barco, entrei em várias lojas e percorri
várias ruas a pé e de autocarro… mas, sem dúvida, o que me impactou mais foi o
memorial do “Ground Zero”.
Na primeira vez que vivi nos Estados Unidos
subi às torres gémeas e tive a oportunidade de passear no terraço de uma delas.
Agora, estava ali, mas naquele lugar, havia um vazio. As torres que eu tanto
gostava já não estavam lá e eu, confesso e admito, chorei.
Em Lucas, capítulo 19, versículo 41 e
seguintes, vemos Jesus a aproximar-se de Jerusalém. Não sei há quanto tempo Ele
não observava a cidade mas, daquela vez, Lucas faz questão de mencionar que
Jesus chorou. Jesus chorou ao ver Jerusalém e por causa de Jerusalém.
Ao contrário do meu choro, porém, o choro de
Jesus, não era porque havia quase duas décadas que Ele não visitava Jerusalém.
Não era por causa dos prédios que Ele via ou deixava de ver. O choro de Jesus
era espiritual. Mais do que uma emoção era uma preocupação. Uma demonstração
tremenda de paixão pelas pessoas.
Ao contrário de mim, Jesus não chorava por
causa do passado, mas chorava por causa da cegueira presente e das
consequências que esta falta de visão iria ter no futuro da cidade. Jesus
chorava, acima de tudo, por causa das necessidades espirituais de Jerusalém
(que muitos dizem que significa a cidade da paz). Jerusalém não reconhecia Aquele
que lhe podia dar paz. A paz verdadeira que a cidade e todos necessitavam.
Ao contrário de mim, Jesus não se deixa
enganar pela grandeza, beleza estética e movimento da cidade.
Que lição Jesus me dá! Porque choro eu? Por
quem choro eu?
Escrevo este post a 4 de Julho e hoje sinto
particularmente saudades de Nova Iorque. É dia de festa, o dia da
independência… mas, olhando para Cristo e para o choro de Cristo, talvez eu
devesse chorar e pensar acima de tudo no futuro daquela cidade e daquelas
pessoas que não têm visão espiritual, não recebem a Cristo e por causa disso,
certamente, terão consequências no futuro. Que bom seria se, em vez da
independência, eles celebrassem o dia da dependência do Senhor. O meu choro por
aquela terra devia ser mais espiritual e menos emocional! Preciso de aprender a
chorar como Jesus chorou. Chorar pelas pessoas, como Jesus chorou. Pelo futuro,
como Jesus chorou. E isto não é só em relação a Nova Iorque… é também em
relação à minha Jerusalém!
Daniel Lopes