segunda-feira, 16 de julho de 2018

Igreja: Crescimento e Missão - Crescer Para Cima - Rui Sabino

A igreja fundada por Jesus (Mateus 16:18) tem como grande finalidade adorar a Deus (Ef.1.6). Esta é a razão primordial da igreja existir. Mas a adoração não é apenas o reconhecimento que Deus é Deus e que é digno de toda a glória. A adoração promove bênção e crescimento da igreja, quer na intimidade com Deus, na comunhão entre irmãos, quer no cumprimento da Grande Comissão. Adorar a Deus é estar comprometido com a Missão de Deus.

É fundamental definir os valores que norteiam a adoração da igreja enquanto comunidade e enquanto membros individuais que a compõem, para que o Senhor seja louvado e a sua missão seja cumprida. A adoração tem de ser forçosamente o valor mais alto da comunidade ou do cristão enquanto indivíduo.  A vida no Reino de Deus foi anunciada por Jesus como um tesouro incomparável.

A adoração comunitária de uma igreja local é, portanto, uma necessidade que devemos ter em conta para cumprir a Missão de Deus (Missio Dei) e a sua razão de existir. Enquanto comunidade, a igreja deve ter um culto cristocêntrico, focado na glória de Deus. Quando o culto comunitário está projetado em Deus, a comunidade é abençoada. Portanto, as necessidades das pessoas não podem ser o objetivo de culto. O culto deve revelar Deus, a Sua missão redentora, e desafiar as pessoas a juntarem-se a Deus, consagrando-Lhes suas vidas em santidade e serviço em todos os domínios da vida.

A comunidade que está focada na adoração compreende a importância da cruz e da ressurreição. Entende a sua identidade e propósito de ser igreja adoradora e testemunha fiel, sendo o Sal e a Luz deste mundo (Mateus 5:13-14).

A igreja adoradora deve ser desafiada a amar a Deus de todo o coração, com toda a alma e entendimento (Mateus 22:37), bem como a viver em constante gratidão.

Do mesmo modo, a adoração individual é uma escolha de honrar a Deus, seguindo Jesus, no dia a dia, num “culto racional” (Romanos 12:1-2; Lucas 14:25-33) assumindo o Senhor como digno de toda a adoração.

A pregação e o estudo da Palavra é fundamental para crescimento espiritual e para o cumprimento da Missão de Deus, quer como comunidade quer enquanto indivíduos. Vemos isso na comunidade primitiva, em Atos 2. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, tinham tudo em comum, supriam as necessidades uns dos outros e levavam a mensagem da salvação ao povo.

Pela pregação e estudo das Escrituras a igreja tem conhecimento de Deus. Tem conhecimento da história revelada da criação à nova criação. Tem conhecimento do pecado e das suas consequências, bem como do padrão de santidade pedido por Deus. Tem conhecimento da esperança que lhe está reservada. A Palavra transforma a igreja com o caráter do próprio Deus. A adoração não só é expressa nos atos litúrgicos da comunidade, mas é essencialmente vivida nos contextos onde os membros da igreja estão inseridos, no relacionamento com o próximo. A adoração e natural intimidade com Deus é reconhecida nos relacionamentos, na ética, nas palavras e escolhas da Igreja.

A adoração, o crescimento e a missão da igreja é promovida pela Palavra de Deus.

A Palavra deve ser anunciada com ousadia e amor para que o povo se sinta desafiado não só a compreendê-la, mas, sobretudo, a vivê-la.

Uma igreja que quer ser adoradora e crescer em Espírito tem que sentir o prazer e a importância da oração. A oração “provoca” o poder de Deus à ação. É da vontade do Senhor que o seu povo “ore sem cessar”.

Independentemente de cada cristão ter o seu tempo de oração, é importante existir oração comunitária e a igreja deve ter a sua “agenda de oração”.

A igreja deve envolver-se em oração comunitariamente, partilhando as dificuldades, as lutas, os fracassos, as vitórias bem como a gratidão, o louvor etc. É um testemunho poderoso quando alguém incrédulo vê uma igreja em oração e comprova o poder de Deus.

A oração une uma comunidade e aprimora os seus relacionamentos fraternos. A oração faz crescer a igreja na sua intimidade com o Senhor.

A oração ensina e motiva a igreja a viver a fé em submissão ao Senhor.  Scot McKnight disse: “a oração é uma comunicação de amor com Deus. Tudo o que precisamos na oração é de um coração aberto”.

Na oração modelo, Jesus  ensinou-nos a  chamar Deus de Pai. Enquanto os judeus tinham medo de pronunciar o Nome de Deus, aos seus discípulos Jesus ensinou-os a chamar Deus de Abba, “Paizinho”, nome que transmite intimidade e amor. Nome que demonstra uma reação de proximidade que ele procurou ensinar à sua igreja.

Na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-32), Jesus apresenta-nos Deus como um Pai amoroso, de braços abertos para o homem pecador. Um pai que deseja ter uma comunhão íntima com o seu filho baseada no seu amor ágape.

A igreja só pode crescer e cumprir a sua Missão quando entende que a adoração é mais do que atividades litúrgicas ou conceitos teológicos frios. A adoração é um relacionamento íntimo com o Senhor, com o objetivo de o glorificar e usufruir da sua presença maravilhosa.

Esse relacionamento íntimo é produto do Santo Espírito de Deus na igreja, que a ajuda a crescer espiritualmente à semelhança de Jesus e a capacita para a missão de levar as Boas Novas do Evangelho até aos confins do Mundo.

Queremos ser uma igreja que cresce em intimidade e compromisso com Deus, que vive a fé em Jesus Cristo em todos os domínios da vida, na dependência do Espírito Santo.


Rui Sabino