A igreja fundada por Jesus (Mateus 16:18) tem
como grande finalidade adorar a Deus (Ef.1.6). Esta é a razão primordial da
igreja existir. Mas a adoração não é apenas o reconhecimento que Deus é Deus e
que é digno de toda a glória. A adoração promove bênção e crescimento da
igreja, quer na intimidade com Deus, na comunhão entre irmãos, quer no
cumprimento da Grande Comissão. Adorar a Deus é estar comprometido com a Missão
de Deus.
É fundamental definir os valores que norteiam
a adoração da igreja enquanto comunidade e enquanto membros individuais que a
compõem, para que o Senhor seja louvado e a sua missão seja cumprida. A adoração tem de ser forçosamente o valor mais alto da comunidade ou do cristão
enquanto indivíduo. A vida no Reino de
Deus foi anunciada por Jesus como um tesouro incomparável.
A adoração comunitária de uma igreja local é,
portanto, uma necessidade que devemos ter em conta para cumprir a Missão de
Deus (Missio Dei) e a sua razão de existir. Enquanto comunidade, a igreja deve
ter um culto cristocêntrico, focado na glória de Deus. Quando o culto
comunitário está projetado em Deus, a comunidade é abençoada. Portanto, as
necessidades das pessoas não podem ser o objetivo de culto. O culto deve
revelar Deus, a Sua missão redentora, e desafiar as pessoas a juntarem-se a
Deus, consagrando-Lhes suas vidas em santidade e serviço em todos os domínios
da vida.
A comunidade que está focada na adoração
compreende a importância da cruz e da ressurreição. Entende a sua identidade e
propósito de ser igreja adoradora e testemunha fiel, sendo o Sal e a Luz deste
mundo (Mateus 5:13-14).
A igreja adoradora deve ser desafiada a amar a
Deus de todo o coração, com toda a alma e entendimento (Mateus 22:37), bem como
a viver em constante gratidão.
Do mesmo modo, a adoração individual é uma
escolha de honrar a Deus, seguindo Jesus, no dia a dia, num “culto racional”
(Romanos 12:1-2; Lucas 14:25-33) assumindo o Senhor como digno de toda a
adoração.
A pregação e o estudo da Palavra é fundamental
para crescimento espiritual e para o cumprimento da Missão de Deus, quer como
comunidade quer enquanto indivíduos. Vemos isso na comunidade primitiva, em
Atos 2. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, tinham tudo em comum,
supriam as necessidades uns dos outros e levavam a mensagem da salvação ao
povo.
Pela pregação e estudo das Escrituras a igreja
tem conhecimento de Deus. Tem conhecimento da história revelada da criação à
nova criação. Tem conhecimento do pecado e das suas consequências, bem como do
padrão de santidade pedido por Deus. Tem conhecimento da esperança que lhe está
reservada. A Palavra transforma a igreja com o caráter do próprio Deus. A
adoração não só é expressa nos atos litúrgicos da comunidade, mas é
essencialmente vivida nos contextos onde os membros da igreja estão inseridos,
no relacionamento com o próximo. A adoração e natural intimidade com Deus é
reconhecida nos relacionamentos, na ética, nas palavras e escolhas da Igreja.
A adoração, o crescimento e a missão da igreja
é promovida pela Palavra de Deus.
A Palavra deve ser anunciada com ousadia e
amor para que o povo se sinta desafiado não só a compreendê-la, mas, sobretudo,
a vivê-la.
Uma igreja que quer ser adoradora e crescer em
Espírito tem que sentir o prazer e a importância da oração. A oração “provoca”
o poder de Deus à ação. É da vontade do Senhor que o seu povo “ore sem cessar”.
Independentemente de cada cristão ter o seu
tempo de oração, é importante existir oração comunitária e a igreja deve ter a
sua “agenda de oração”.
A igreja deve envolver-se em oração
comunitariamente, partilhando as dificuldades, as lutas, os fracassos, as
vitórias bem como a gratidão, o louvor etc. É um testemunho poderoso quando
alguém incrédulo vê uma igreja em oração e comprova o poder de Deus.
A oração une uma comunidade e aprimora os seus
relacionamentos fraternos. A oração faz crescer a igreja na sua intimidade com
o Senhor.
A oração ensina e motiva a igreja a viver a fé
em submissão ao Senhor. Scot McKnight
disse: “a oração é uma comunicação de amor com Deus. Tudo o que precisamos na
oração é de um coração aberto”.
Na oração modelo, Jesus ensinou-nos a
chamar Deus de Pai. Enquanto os judeus tinham medo de pronunciar o Nome
de Deus, aos seus discípulos Jesus ensinou-os a chamar Deus de Abba,
“Paizinho”, nome que transmite intimidade e amor. Nome que demonstra uma reação
de proximidade que ele procurou ensinar à sua igreja.
Na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-32),
Jesus apresenta-nos Deus como um Pai amoroso, de braços abertos para o homem
pecador. Um pai que deseja ter uma comunhão íntima com o seu filho baseada no
seu amor ágape.
A igreja só pode crescer e cumprir a sua
Missão quando entende que a adoração é mais do que atividades litúrgicas ou
conceitos teológicos frios. A adoração é um relacionamento íntimo com o Senhor,
com o objetivo de o glorificar e usufruir da sua presença maravilhosa.
Esse relacionamento íntimo é produto do Santo
Espírito de Deus na igreja, que a ajuda a crescer espiritualmente à semelhança
de Jesus e a capacita para a missão de levar as Boas Novas do Evangelho até aos
confins do Mundo.
Queremos
ser uma igreja que cresce em intimidade e compromisso com Deus, que vive a fé
em Jesus Cristo em todos os domínios da vida, na dependência do Espírito Santo.
Rui Sabino