“Pão”:
Esta palavra indica
alimento sólido o qual era considerado mais acessível como mais simples. Este
pedido a Deus referia-se às nossas necessidades mais básicas: comer, o beber e
o vestir. Curiosamente, podemos ver que são as necessidades que Jesus disse, no
final deste capítulo, que não nos devemos preocupar.
Porque é que Jesus falou
do “pão” e não de outra coisa qualquer? 2 ideias que, pelo contexto, parecem
óbvias:
1º. Jesus cuida das
nossas necessidades básicas e não das luxuosas.
Devemos viver vidas com
sentido, sem preocupação com o dia de amanhã e nem estarmos preocupados em ter
luxos.
Creio que, às vezes, por
queremos tantas coisas, colocamos a nossa vida familiar em risco. Além disso,
esquecemo-nos de celebrar as pequenas coisas que temos.
É raro ver alguém a
celebrar o pouco que vai tendo no dia-a-dia. Além disso, se ouvirmos alguém a
celebrar esse pouco, talvez achemos que há algo de errado com essa pessoa.
2º. Até nas coisas mais
simples, como o pão, precisamos de Deus.
Se repararmos em tantas
coisas que precisam de acontecer (cereais, combustíveis, água, etc.) para
termos o pão, apenas nos resta agradecer a Deus por isso. Contudo, o ponto não
é o “pão” em si.
A principal lição que
aprendemos com o “pão” é que Deus cuida realmente das nossas necessidades mais
básicas. Então, a preocupação é a evidência de termos um coração que não confia
nas promessas de Deus.
É importante saber que o
facto de pedirmos o “pão nosso” a Deus, não invalida que trabalhemos para ter o
pão até porque acreditamos que o trabalho é uma dádiva de Deus.
“Nosso”
Vemos mais uma vez o
plural “nosso” o que nos remete para uma oração comunitária com pedidos
igualmente comunitários. Isso nos obriga a deixar de pensar somente em nós para
pensar também em nossos irmãos.
Se oramos, é bom dizer
que estivemos a orar por ele. Creio que é uma grande bênção poder ouvir alguém
a dizer: “eu orei por ti”, mais até do que um “vou orar por ti”.
Agora reparemos: assim
como pedir o “pão” impele-nos a trabalhar, também quando pedimos o “pão nosso”
implica cuidar dos nossos irmãos na fé que estão a passar por dificuldades. Este é o grande desafio
que encontramos em Gálatas 6:10 “(…) Enquanto é tempo, façamos o bem a todos,
mas principalmente aos que pertencem à nossa família na fé”.
“Cada dia”
Vemos neste versículo
que devemos orar para que o Senhor nos sustente no nosso dia-a-dia com a Sua
providência. Qual a razão de Jesus dizer que devemos pedir a Deus que nos dê o
“pão nosso” para cada dia e não para o ano todo?
Creio que isso se deve
ao facto que se recebêssemos tudo de uma vez, talvez nos esquecêssemos como
devemos depender de Deus em todos os momentos.
É curioso notar a oração
de Agur em Provérbios 30:8-9 “não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me
apenas o pão que eu necessito para viver. Para que, porventura, estando na
riqueza não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo,
não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão”.
É interessante olhar
para estas palavras: não me dês nem a riqueza para que não me esqueça de ti e
nem a miséria para que não venha a roubar e blasfemar o nome de Deus.
É muito comum ouvir-se
dizer: “bastava um pouco mais e ficava melhor”. No entanto, a falta desse
“pouco mais”, muitas vezes, é a maneira que Deus usa para dependermos d’Ele.
Creio, também, que Jesus
disse para pedirmos para o dia-a-dia para percebermos que a nossa maior dívida
foi paga na totalidade por Jesus Cristo.
Somos desafiados também
a pedir para o dia-a-dia porque Deus tem prazer que nos acheguemos a Ele
diariamente até porque Ele cuida de nós, também, diariamente.
Precisamos de ter fé
para vivermos na dependência de Deus dia após dia. E quando aprendamos a ter
esta confiança estamos também a aprender a não ter medo.
A oração lembra-nos que
não devemos ter medo de nada até porque Deus é Senhor de ontem, de hoje, do
amanhã e para todo o sempre.
Quando o medo chegar até
nós, viremo-nos para Deus e digamos: “Pai, eu aceito o Teu cuidado e a Tua
provisão neste momento de aflição”. Foi esta a certeza do salmista David quando
estava a ser quase apanhado pelos filisteus “Quando tiver medo, confiarei em
Ti” – Salmos 56:4
“Dá-nos hoje”
Compreenderemos melhor a
bênção da palavra “dá-nos” quando entendemos que tudo o que de bom recebemos é
fruto da Graça e onde há Graça não há merecimento – Tiago 1:17 “Tudo o que
recebemos de bom e perfeito vem do céu, do Pai”.
Só há “dá-nos” porque
Deus na Sua bondade permitiu que pedíssemos. E enquanto estivermos a pedir a
Deus, ao mesmo tempo, devemos reconhecer a nossa incapacidade.
Ao orarmos nestes
momentos de necessidade, estamos a afirmar a Deus o seguinte: “Que a Tua luz
possa brilhar através das minhas necessidades. Que nestes momentos não seja
vista a minha preocupação. Seja vista, sim, a confiança na Tua provisão”.
E confiar na provisão de
Deus é desejar que Deus seja glorificado no nosso viver quer quando perdermos,
ganharmos, ou até quando somos chamados a viver com contentamento com o que
temos.
“O pão nosso cada dia
dá-nos hoje” é, por tudo o que foi dito, uma afirmação de dependência de Deus
perante a nossa incapacidade, como também um pedido para sermos bênção para a
vida de alguém.
Tenho compreendido que
as nossas acções, muitas vezes, são usadas por Deus para responder as orações
de alguém. É comum ouvir dizer e até sem sabermos “foste a resposta às minhas
orações”.
Que Deus nos ajude!
Jónatas Lopes
Jónatas Lopes