Mateus 6:10
É a segunda petição
nesta oração dada por Jesus e significa “domínio sobre a vida”.
Esta expressão “reino” é
usada 34 vezes no Evangelho de Mateus, poucas vezes em Marcos, algumas vezes em
Lucas e quase nenhuma vez em João. É usada muito residualmente ao longo do NT e
aumenta um pouco (5) no livro de Apocalipse.
Além disso, em Mateus ou
aparece “reino” ou “reino dos céus” enquanto nos outros livros maioritariamente
é usada a expressão “reino de Deus” sendo que significa a mesma coisa. Qual o motivo desta
diferença entre Mateus e os outros livros?
Vamos olhar para estas
expressões “reino dos céus” ou “Reino de Deus” a partir de 3 perspectivas:
1.“Reino de Deus” e os
judeus
Contexto judaico
O Evangelho de Mateus
originalmente foi escrito para os judeus e isso ajudar-nos-á a compreender
melhor o alcance destas palavras ditas por Jesus.
O nome de Deus era muito
importante para os judeus inclusive para escrever o tetragrama (iniciais do
nome de Deus) faziam-no com uma pena especial pois consideravam profano usar a
pena com que escreviam as outras coisas. Também não pronunciavam
o nome de Deus com medo de estarem a blasfemar.
É devido a isso que no
evangelho de Mateus encontramos a expressão “reino” ou “reino dos céus” para
que os judeus ao lerem estas palavras não ficassem logo escandalizados e nem
desejassem ouvir o que vinha a seguir.
Expectativas judaicas
Os judeus não viam Jesus
como sendo o Messias precisamente porque Jesus não correspondeu às expectativas
que os judeus tinham acerca do seu ministério aqui na terra. Um
Messias em termos políticos e religiosos ao libertá-los do império romano e a
restaurar o reino terrestre de Israel.
Curiosamente, na Bíblia
vemos precisamente o contrário: 1º Jesus nunca quis ser rei em termos políticos
ou militares. Aliás, assumiu que o seu reino não era neste mundo João 18:36 -
“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste
mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus;
mas agora o meu reino não é daqui”; 2º Não procurou a violência. Pelo
contrário, disse que as pessoas deviam ter uma postura diferente para com os
seus inimigos: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem
aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” - Mateus
5:44; 3º Jesus disse que os judeus deviam pagar impostos ao império romano:
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” – Mateus 22:21.
Podemos ver assim que
Jesus não cumpriu as expectativas que os judeus tinham em relação a si ou até
ao Seu reino. Foi por isso que O rejeitaram e entregaram aos romanos para que
fosse morto.
2.O “reino de Deus”
envolve o tempo:
Passado
João Baptista disse que
Jesus veio inaugurar o Reino. Qual o motivo? Para libertar o Seu povo da
escravidão do pecado para transportá-lo para o Seu maravilhoso reino.
O passado dos cristãos
está resolvido em Cristo e que por isso não devem carregar esse passado. É
libertador saber que Jesus pagou o preço quando ainda há muitos cristãos que
sofrem com as coisas terríveis que fizeram.
Presente
No capítulo 6, a partir
do v.25, vemos que “não devemos andar ansiosos com a nossa vida quanto ao que
devemos comer, beber e vestir”.
Isto é, teremos coragem
para pedir a Deus que o reino dele venha quando estivermos satisfeitos com a
vida que temos, independentemente das circunstâncias que estivermos a passar,
porque a nossa felicidade está no Rei deste reino.
Vemos isso no v.33
quando lemos que devemos “buscar primeiro o reino do Pai celeste e a sua
justiça, e todas as outras coisas serão acrescentadas”. Os cristãos devem saber
que a preocupação é um desperdício de tempo.
Reino de Deus envolve o
futuro.
É bom saber que o reino
de Deus já foi estabelecido e um dia estender-se-á a todas as áreas deste
mundo.
Além disso, todas as
pessoas, segundo Fil. 2:11, “irão reconhecer Jesus Cristo como Senhor para a
glória de Deus Pai”.
Quando temos os olhos
postos no Reino de Deus teremos também esta certeza e sentiremos cada palavra
para sabermos lidar com as dificuldades do dia-a-dia.
É esta verdade que
aprendamos na Bíblia em II Coríntios 4:17 - “As aflições do momento presente
são leves, comparadas com a grande e eterna glória que elas nos preparam”.
3. O reino de Deus
envolve os nossos relacionamentos
Na nossa vida pessoal
Quando oramos e pedimos
que o reino de Deus se manifeste, estamos a dizer que temos o desejo que as
nossas vidas glorifiquem o Seu nome em todas as áreas da nossa vida. O reino é acerca de Deus
e não sobre os nossos egos.
O Reino e a nossa vida
com os outros
Os apóstolos tinham a
preocupação Jesus estabelecesse o Seu reinado de forma plena quando ainda
estava no meio deles. Vemos isso em Actos 1:6-8:
6. Uma vez, quando os
apóstolos estavam reunidos com Jesus, perguntaram-lhe: “Senhor, será agora que
vais restaurar o reino para o povo de Israel?”
Era uma pergunta
sincera: “quando vais restaurar o teu reino”?
7. Jesus respondeu: «Não
vos é dado conhecer o tempo ou o dia que o Pai fixou com a sua própria
autoridade.
Jesus disse-lhes que o
Pai determinou quando isso aconteceria e que a eles não lhes competia saber o
tempo. Contudo, enquanto isso não acontecesse, havia algo que eles tinham de
saber e fazer…
8. Mas receberão poder ao
descer sobre vós o Espírito Santo e serão minhas testemunhas tanto em
Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos lugares mais distantes do
mundo.
Jesus disse que íamos
receber poder. Poder para quê? Para sermos suas testemunhas em todo o lado.
Significa isso que uma
das formas de vivermos o Reino de Deus passa por testemunharmos do Reino às
pessoas que ainda o conhecem.
“Venha o teu reino” é um
pedido para uma vivência missionária que isto seja uma realidade através da
forma como vivemos o Evangelho e pela maneira como partilhamos o Evangelho com
quem ainda não O conhece.
Charles Spurgeon disse
algo que nos deve deixar a pensar: “Todo cristão ou é um missionário ou é um
impostor”.
O reino é de Deus. Não é
nosso. O seu a Seu dono.
Jónatas Lopes