quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O Reino de Deus nas Parábolas de Jesus - O credor incompassivo - Alberto Carneiro

A parábola do credor incompassivo (Mateus 18:23-35) é um daqueles textos que merece ser lido e relido várias vezes ao ano, quer na Igreja, quer individualmente. O tema central da parábola é, como todos os leitores da Bíblia sabem, o perdão. Porque é que o Senhor Jesus sentiu necessidade de comparar o Reino dos Céus a esta história e a abordar este tema?

A história é muito simples e resume-se facilmente. Um homem que devia uma fortuna ao seu rei (desconhece-se como é que essa dívida foi constituída) e a quem lhe é pedido contas, não tendo como pagar, ouve uma decisão dura para si, para a sua família e a sua fazenda: todos e tudo fosse vendido para que o rei pudesse recuperar a dívida ou, pelo menos, uma parte dela. Perante tal sentença o devedor prostrou-se e pediu clemência ao seu senhor. Cumprida a sentença teria a sua vida e a dos seus completamente arruinada e nunca mais seria ninguém na vida.

Perante tal atitude, o rei perdoa-lhe a enorme dívida, tendo o texto um pormenor de extrema importância. Diz Mateus na sua narrativa que o rei foi “movido de íntima compaixão” (18:27). Soltou-o não mais lhe exigindo o pagamento da dívida. Poderíamos dizer em nome do servo: Que alívio!

Logo após este servo encontra um conservo que tinha para com ele uma pequena dívida. Como o instasse a pagar, o conservo arroja-se aos seus pés e pede-lhe que lhe dê algum tempo e tudo seria pago. O credor não aceita e encerra o conservo na prisão, coisa que caiu mal a todos quantos acompanharam tal procedimento e, tão incomodados ficaram que o fizeram saber ao seu senhor.

E é aqui que a parábola pega directamente connosco e com os nossos procedimentos. O texto diz-nos que o senhor chamou o seu servo e condena-o liminarmente ao pagamento integral da dívida.

O Senhor Jesus ensinou-nos que o reino de DEUS é semelhante à história que é contada nesta parábola. O que é que isto quer dizer?

Exercer o perdão é algo que está implícito à vida do cristão, em primeiro. Em segundo, que todos nós somos devedores para com DEUS o Pai, para com o Jesus, o Filho, e para com o Espírito Santo. Para com o Pai porque somos criaturas Suas feitos à Sua imagem e semelhança e nós pecamos contra Ele; para com o Filho porque foi Ele que derramou o Seu sangue para nos salvar, nos justificar, nos reconciliar com o Pai, pagando o preço da nossa enorme dívida; e para com o Espírito porque é Ele que nos convence do pecado, da justiça, do juízo e, depois de tudo isto, nos dá o penhor da nossa salvação porque Ele é o Consolador que nos ampara e acompanha em todos os momentos.

Este tema foi abordado pelo Senhor para que não nos esqueçamos que também nós somos devedores, e só entramos no Reino dos Céus porque DEUS nos perdoou primeiro. Como não havemos nós de aceitar o perdão e perdoar também?

Alberto Carneiro