sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O servo enviado, Epafrodito - Rui Ribeiro

Outro excelente exemplo de uma missão de curto-prazo na Bíblia encontramos na visita de Epafrodito a Paulo, em Roma, que nos é dada a conhecer pelo próprio Paulo na carta que escreve aos Filipenses. No capitulo 2 dessa carta, nos versículos 25-30, Paulo justifica porque sentiu necessário devolver Epafrodito aos Filipenses, juntamente com a carta que lhes escrevia.

Nas suas palavras entendemos o amor que os Filipenses tiveram com Paulo que enviaram Epafrodito para o ajudar nas suas prisões em Roma. Entendemos como Paulo ficou sensibilizado com o gesto e que, a certa altura, Epafrodito adoeceu e Paulo chegou a temer pela vida daquele. Epafrodito está claramente com saudades de casa e Paulo quer ter a certeza que ele é bem recebido pelos irmãos quando chegar a Filipos, e faz-lhe incríveis elogios.

Chama-lhe “meu irmão”, mostrando o reconhecimento como verdadeiro irmão na fé; chama-lhe “cooperador”, mostrando o empenho de Epafrodito na colaboração com Paulo no ministério em Roma; chama-lhe “companheiro de combate” como alguém que estivera ao lado de Paulo na guerra espiritual em Roma.

Isto podia ser suficiente, mas Paulo vai ainda mais longe, e chama-o de “mensageiro” e “servo”, usando as palavras “apostolos” e “leitourgos”. Apostolos literalmente significa enviado, mas na linguagem cristã da altura a palavra ganhava todo um enorme peso, por causa dos Apóstolos. Paulo está a conceder-lhe essa prerrogativa pelo amor com que Deus usara a Igreja em Filipos para cuidar dele em Roma, através deste enviado. Leitourgoi eram os homens na antiga Grécia que ofereciam o seu tempo e seus serviços para grandes obras que a cidade precisasse.

Não sabemos quanto tempo Epafrodito passou em Roma com Paulo, mas neste breve relato percebemos que não terá sido muito tempo e que foi um tempo muito difícil para Epafrodito, ao ponto deste ter que voltar para casa bem mais cedo que era suposto.

Entre a doença e voltar para casa mais cedo, podemos pressupor que Epafrodito passou pouco tempo a servir Paulo, mas esse tempo de serviço foi útil. E só o facto de ele ter enfrentado o que enfrentou para trazer a oferta da Igreja em Filipos já tinha sido um grande alívio para o Apóstolo, que passava tempos difíceis no seu ministério. É por isso que Paulo faz todos estes elogios e chega mesmo a dizer nos versículos 29-30: “Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozo, e tende em honra homens tais como ele; porque pela obra de Cristo chegou até às portas da morte, arriscando a sua vida para suprir-me o que faltava do vosso serviço”, colocando Epafrodito como alguém que merece ser imitado nesta sua conduta. 

Rui Ribeiro