Uma das facetas mais
essenciais de um bom líder cristão é o de ser um reflexo do coração de
Deus para com o ser humano e poucas coisas demonstram mais o nosso amor por
alguém do que servi-la.
Encontramos nos
Evangelhos diversos exemplos de como atos de serviço eram entendidos por Jesus
como atos de demonstração de amor, sendo o mais marcante provavelmente o da
mulher em casa de Simão, que lava os pés de Jesus com as suas lágrimas e os
enxuga com os seus cabelos (Lucas 7:36-50). Jesus estabelece ali uma
correlação entre o serviço que ela Lhe prestava (lavar os pés aos
convidados para um banquete era um serviço habitual) e o muito amor que ela
Lhe tinha (vs.47b).
Ao longo do Seu ministério
Jesus serviu todos com quem se relacionou e nunca o fez como uma tentativa de
Se autopromover (em alguns milagres pedia mesmo que se guardasse segredo) mas
sim para demonstrar o Seu amor incondicional.
O apóstolo Paulo usa
mais tarde esse argumento ao apelar aos cristãos de Filipo que “tenham os mesmos sentimentos que havia em
Cristo Jesus. Ele, que por natureza era Deus, não quis agarrar-se a esse
direito de ser igual a Deus. Pelo contrário, privou-se do que era seu e tomou
a condição de escravo” (Filipenses 2:5-7 - BPT). Precisamos de entender que
um Messias que demonstra o Seu amor servindo os outros era tão escandaloso
naquela época como o é agora, mas era exatamente essa associação de
liderança, serviço e amor que Jesus fazia e que Paulo agora ressaltava.
O serviço tem ainda uma
característica que o diferencia de muitas outras demonstrações de amor: ele
é essencialmente prático! Ninguém fica indiferente quando o servimos sem
segundas intenções, quando servimos sem exigir nenhum pagamento ou
recompensa, nem mesmo esperando um elogio. E quando levamos esta atitude mais
longe e servimos aqueles que, perante a sociedade, estão abaixo de nós (pela
sua situação financeira, estrato social ou raça), então o testemunho
torna-se ainda mais forte.
Por fim, importa ainda
ressaltar que o serviço não só é uma expressão de amor mas é ele mesmo
motivado pelo amor. Veja-se a história da atarefada Marta, em Lucas 10:39-41,
que tinha o seu foco dividido entre Jesus e a falta de ocupação da sua irmã!
A crítica que Jesus lhe fez não foi por ela O estar a servir, mas para Jesus
o serviço tinha tanto de ação quanto de atitude, podemos até dizer que a
Sua ação era um reflexo da Sua atitude interior e não apenas uma
demonstração pública, coisa que Ele criticou por exemplo na atitude dos
fariseus[1].
Assim, Ele tinha prazer no serviço de Marta, apenas se fosse com o foco
exclusivo Nele e não por comparação (com a irmã) ou como demonstração
exterior de compromisso ou espiritualidade. Isso não mudou, e permanece o
padrão para nós hoje, principalmente para nós líderes!
Ser motivados por amor e
demonstrar amor aqueles a quem Deus ama, o que mais pode um líder desejar?
Miguel Jerónimo