quinta-feira, 19 de julho de 2018

O serviço como uma prática de liderança - Miguel Jerónimo

“Os 8 passos da Liderança”, “Desperte o Líder que há em Você”, “Pós-graduação em Liderança e Executive Coaching”... não é difícil encontrar nos nossos dias livros e seminários sobre o tema de liderança, e nunca como hoje surgiram tantos gurus nessa área tão antiga quanto relevante como é a da liderança. Embora estes recursos possam ser úteis e tenham mais-valias para a nossa aprendizagem, há uma faceta que poucas vezes vem refletida nestas abordagens, e essa faceta é a do serviço como uma prática de liderança.

Jesus foi quem melhor personificou esta ideia do “líder-servo”, aquele que ao invés de impor a sua autoridade de forma coerciva ou impositiva, o fez de dentro para fora, desenvolvendo um caráter e um exemplo que por si só atraem outros a Si.[1] Desde muito cedo que Jesus assumiu que tinha vindo “não para ser servido mas para servir” (Mateus 20:28) e em nada isso diminuiu a Sua capacidade de liderança, muito pelo contrário, foi isso que marcou o Seu estilo de liderança e atraiu tantos a Ele, pois reconheciam uma autoridade diferente, uma autoridade que era usada em favor do próximo e não em benefício próprio.

Gene Wilkes define um líder servo como aquele que “é servo da missão e lidera servindo os que estão em missão com ele”[2] e esta descrição encaixa como uma luva na forma como Jesus desempenhava a Sua missão.

Em diversas ocasiões Ele afirmou que não cumpria a Sua vontade mas a do Seu Pai, que não falava por Si mesmo mas em nome do Pai, e até no seu momento mais difícil no Getsémani, Ele manifestou a Sua total disposição para que se cumprisse a vontade do Pai e não a Dele. Jesus era um servo da Sua missão.

Mas Ele não estava nesta missão sozinho, Jesus chamou homens e mulheres para servirem ao Pai junto com Ele, liderou-os de forma firme, mas fê-lo sempre através de demonstrações de serviço: curando, ministrando, estando perto e no final dando a Sua vida por eles. Jesus, sendo o Mestre e Senhor, serviu os que estavam com Ele durante toda a Sua vida.

“Ora, se eu sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (João 13:14). Este episódio da lavagem dos pés é provavelmente o mais emblemático desta atitude de Jesus, pois Ele fê-lo com o intuito de dar aos Seus discípulos uma lição acerca deste estilo de liderança servil que eles tinham visto no Seu ministério ao longo de 3 anos mas que naquele ato se tornou um modelo para cada um deles. A ideia era simples, mas revolucionária: o líder é aquele que serve!

Miguel Jerónimo



[1] YANCEY, Philip. O Jesus que eu nunca conheci. São Paulo: Editora Vida, 1998.
[2] WILKES, C. Gene. O último degrau da liderança. São Paulo: Mundo Cristão, 2000, p.30.