domingo, 22 de julho de 2018

Teologia da Parceria. A unidade na simultaneidade - Carlos Martinez

Unidade é a palavra mais utilizada por organizações seculares ou religiosas ao momento de levar adiante suas atividades. É o alvo a alcançar, e sua falta é responsabilizada pelos fracassos. A diversidade de caracteres, ideias e métodos de trabalho demanda um fio condutor, um elemento externo que sirva como um farol em meio à tempestade.

A unidade pode ser exemplificada através da harmonia musical. Esta harmonia indica a concordância ou combinação de vários sons simultâneos ou de acordes que são agradáveis ao ouvido. A harmonia é o pilar principal para compôr a base de uma música, e desta forma possibilita ao músico variar entre diferentes sonoridades. Uma música pode soar mais triste e melancólica ou alegre e tranquilizante graças à harmonia dos acordes presentes na música.

Na oração no evangelho de João, capítulo 17, Jesus estabelece o elemento central unificador da Missio Dei. Qual é a base para a verdadeira unidade entre os cristãos? A pessoa e a obra de Jesus Cristo e sua glória (João 17:2-5). Ele já deu sua glória aos seus seguidores e promete que experimentarão ainda mais dessa glória quando cheguem ao céu. Conhecer ao Filho, e através dEle ao Pai, é o início da vida eterna. Este conhecimento leva aos crentes a acreditar e guardar a Palavra revelada, o que resulta na busca de honrar o mandado de Cristo e assim glorificar a Deus e a Jesus Cristo. O mandado é fazer conhecer a glória do Pai em Cristo ao mundo, é isso só é possível na vivência em unidade da igreja, o conjunto de crentes. Esta unidade não é externa simplesmente. É uma unidade espiritual, inspirada na unidade eterna existente entre o Pai e o Filho. E justamente essa unidade entre as pessoas da Trindade é o alicerce da harmonia entre os crentes. Somente aqueles que nasceram de novo, de Deus e de Jesus, são espiritualmente um e podem oferecer um testemunho unido ao mundo.

O propósito da unidade é, nas palavras de Jesus, “para que o mundo creia que tu me enviaste”. Uma das coisas que mais impressionam o mundo é a maneira como os cristãos amam uns aos outros e vivem em harmonia. O mundo perdido não é capaz de ver Deus, mas pode ver os cristãos. Aquilo que o mundo enxergar nos crentes servirá de base para suas convicções acerca de Deus. Se enxergar amor e harmonia, crerá que Deus é amor. Se enxergar ódio e divisão, rejeitará a mensagem do evangelho.

O resultado da unidade é que permite a simultaneidade do trabalho missionário. As igrejas, pequenas e grandes, são cientes de que a razão da sua existência é glorificar a Deus através da pregação do evangelho, é juntam os seus recursos humanos e financeiros para cumprir a sua missão, em diferentes lugares, culturas e realidades. Uma missão em unidade e em simultâneo.


Carlos Martinez