O primeiro
grande discurso didático de Jesus, relatado por Mateus, tem como objectivos
demonstrar toda autoridade divina de Cristo e preparar os Seus discípulos para
a ética correcta do reino de Deus. Este é conhecido no Evangelho de Mateus como
o sermão do monte (Mateus 5:1-7:29), e, no Evangelho de Lucas, como o sermão da
planície (Lucas 6:17-49).
O termo monte
no Velho Testamento está associado ao local onde Deus se revela e fala. Foi no
monte de Sinai que o Senhor falou e deu a Lei a Moisés (Êxodo 19 a 24). Sendo o
evangelho de Mateus escrito por um Judeu, vemos muitas referências à Jesus e ao
monte. Temos entre outros: o sermão do monte (Mateus 5 a 7), o monte da
transfiguração (Mateus 17:1-13), o monte das Oliveiras (Mateus 26:30) e o monte
da Galileia (Mateus 28:18-20). Por isso é que o sermão do monte relaciona o
ensino de Cristo com as Escrituras (a Lei e os Profetas), sendo o monte uma
referência a um novo Sinai, onde Jesus reafirma a Lei que estava a ser cumprida
Nele.
A ética do reino de Deus, que é o tema central
do sermão do monte, deve ser motivo de bem-aventurança, por isso, Jesus ao
iniciar este seu discurso ético, afirma que é possível sermos felizes se:
- Tivermos
humildade (Mateus 5: 3, 5);
- Formos
sensíveis (Mateus 5: 4);
- Procurarmos
a justiça (Mateus 5: 6);
- Tivermos
compaixão/misericórdia (Mateus 5: 7);
- Cultivarmos
a pureza (Mateus 5: 8);
- Procurarmos
ser pacificadores (Mateus 5:9);
- Tivermos
firmeza na fé (Mateus 5: 10, 11).
Após lembrar
os Seus discípulos de que é possível serem bem-aventurados (Mateus 5: 2-12), e
de que eles são o sal e a luz do mundo e que, por isso, não se podem esconder
(Mateus5: 3-16), Jesus afirma que veio cumprir a Lei de Deus e não a anular
(Mateus 5:17).
A preocupação
de Cristo foi recentrar a ética do Reino de Deus na verdadeira Lei do Senhor e
não tanto naquilo em que o povo de Israel tinha aprendido dos antigos. Com a
afirmação: “Ouvistes que foi dito aos antigos… eu, porém, vos digo…” (Mateus
5,21-22; 27-28; 33-34; 38-39; 43-44), Jesus está a declarar que, muito mais
importante do que ouvir o que os outros afirmam acerca da Lei de Deus é
entendermos o alcance dessa mesma Lei. Por outro lado, ao dizer, “eu porém vos
digo”, Jesus está afirmar, de uma forma clara, que é o autor da Lei e como tal
é Deus.
Estas três
afirmações de Jesus: “bem -aventurados sois”, “Eu vim cumprir a Lei e não
anulá-la” e “Eu porém vos digo”, não só reafirmam a Sua divindade, como também
lhe dão autoridade para o ensino que encontramos ao longo destes 3 capítulos.
No capítulo 6
ele ensina como devemos contribuir para o reino (Mateus 6:1-4), orar (Mateus
6:5-15), jejuar (Mateus 6:16-18), juntar tesouros no céu, transmitir luz
(Mateus 6:19-23) e a confiar na providência do Senhor (Mateus 6:25-34).
O sermão do
monte termina alertando: para termos cuidado na partilha das bênçãos que
recebemos de Deus, pois elas são pérolas que não devem ser dadas a porcos
(Mateus 7:6-12); convida-nos a entrar na porta estreita que Ele é (Mateus
7:13-14); para termos cuidado com os falsos profetas (Mateus 7:15-23); e para
alicerçar a nossa vida na rocha (Mateus 7:24-29).
Concluímos,
afirmando que o ensino ético do sermão do monte é autenticado pela autoridade
de Jesus que veio ao mundo para cumprir a Lei, que Ele deu para que o homem a
seguisse.
Alexandre
Glória