quarta-feira, 27 de junho de 2018

Igreja: Crescimento e Missão - Rui Sabino

Deus é o criador de tudo e de todos. Algures na eternidade, Deus decidiu criar o Homem e criou-o perfeito. Adão e Eva tinham uma comunhão íntima e perfeita com o Criador, até ao dia em que pecaram. Mesmo depois de ter entrado o pecado no mundo, o Senhor continuou a amá-los e, desde logo, informou-os que havia um plano de salvação. Um plano que lhes daria a oportunidade de viverem com o Senhor eternamente e de voltarem à intimidade e perfeição que existia antes da queda. Então, Deus decidiu escolher um povo para cumprir o seu plano redentor.

O Senhor chamou a Abrão para ser uma nação, e prometeu-lhe que seria uma bênção para todas as nações da terra (Génesis 12:1-3).

Após Abraão ter-se tornado na nação de Israel, Deus retira o Seu povo da escravidão e da idolatria do Egipto, estabelecendo com ele uma aliança, no Sinai. Dá-lhes uma terra, uma Lei e Israel passa a ser a “montra” do mundo, mostrando às nações como é viver na obediência e na graça de Deus. Israel tinha como propósito, segundo Michael Goheen, ser uma sociedade de contraste, mediadora entre Deus e as nações, para revelar o plano salvífico do Criador. Como povo redimido, Israel devia servir apenas ao Senhor, rejeitando todos os ídolos e tornando-se uma nação santa, com o propósito de ser luz para o mundo e anunciar Deus às Nações.

Nesse plano amoroso e gracioso, conforme as profecias, Deus encarnou, fez-se homem e através de um corpo humano trouxe ao mundo o Seu Reino. Jesus mostrou o poder desse Reino sobre todas as instâncias do mal, inclusive sobre a própria morte, a herança do pecado.

Deus, através do seu filho Jesus, foi à cruz do Calvário oferecer-se em resgate dos homens. Na ressurreição, surge um novo tempo marcado pela “shalom”, justiça e salvação.

Mas, a Salvação providenciada pelo Senhor tinha de estender-se a toda a terra e isso seria impossível através de um único corpo humano - Jesus. Então, Deus decidiu que a Sua Salvação fosse proclamada por outro ‘corpo’ que se multiplicava e que se podia estender por todas as regiões do mundo. Esse corpo continuava a ter o seu Espírito, o seu poder e o seus propósitos. Esse corpo é a Igreja – a eclesia. Como disse Goheen, o termo eclesia "foi usado para descrever o povo de Israel como uma assembleia sagrada quando estava reunido diante de Deus como seu povo da Aliança" (Igreja Missional na Bíblia, p. 195). Este nome demonstra que a Igreja de Cristo continua a ser o povo escatológico das profecias do Velho Testamento.

Deus deu à Igreja a incumbência de continuar a Sua missão redentora de uma humanidade rebelde. A missão da igreja não pode deixar de ser outra coisa que não a missão do próprio Deus – Missio Dei! Independentemente da cultura ou época, dos meios de comunicação ou da criatividade de líderes religiosos, a missão da igreja tem que ser a continuação da missão redentora iniciada em Adão.

É frequente ver igrejas que não compreendem a sua identidade como sendo o povo escatológico anunciado nas profecias, deixando de cumprir a sua missão na Terra. Vemos, com frequência, líderes com um visão de igreja reduzida ao seu rebanho local, que zelosamente alimentam e doutrinam. Porém, se não existir uma visão de missão redentora corremos o risco de estarmos a criar “ovelhas estéreis”.

Não queremos ser uma igreja que vive de si para si, refugiada num ambiente espiritual distante do mundo. Entendemos que a nossa missão enquanto igreja possa ser definida como:

Uma comunidade que ama e serve a Deus e as pessoas, e dá a conhecer Jesus a todos os povos.

A identidade da igreja e a sua missão devem, portanto, ter em atenção um crescimento espiritual na sua relação com Deus promovendo a adoração e a santidade. A igreja deve crescer em comunhão, num “corpo bem ajustado” e no amor ao próximo, quer seja cristão ou incrédulo. E como o povo redimido de Deus, a Igreja deverá também amar a missão de Deus e cumpri-la, seja na sua Jerusalém ou nos confins do mundo, até onde o seu poder influenciador o permitir.

Rui Sabino