domingo, 24 de junho de 2018

O Reino de Deus nas Parábolas de Jesus - Alberto Carneiro

Como é do conhecimento geral, Jesus usou as parábolas para ensinar princípios complicados de forma fácil. E uma das áreas que Ele mais focou nessas parábolas foi o ensino acerca do Reino de Deus. Das cerca de 40 parábolas, 21 falam do Reino de Deus.
Estas 21 parábolas têm o condão de poder responder a muitas perguntas que, de outra forma, seria muito difícil o ser humano entender. Conceitos de justiça, de perdão, de relacionamento entre os seres criados como homem e mulher. De alguma forma Jesus tentou ensinar de forma fácil e fazer passar a mensagem que no Reino do Pai tudo está preparado para nos receber quando ali chegarmos, para vivermos uma vida plena de felicidade, amor e paz afinal os sentimentos que tantos procuram alcançar aqui nesta terra, mas que já todos compreendemos que é impossível fazê-lo na plenitude.

Neste primeiro texto vou destacar a parábola do rico e de Lázaro, o pobre mendigo que deseja comer as migalhas que caem da mesa do primeiro, que vive humanamente falando de uma forma miserável, mas que não se queixa (não há registo disso), não protesta com o rico por o desprezar (também não há registo disso) e nem lhe deseja mal. A situação é-nos descrita por Lucas (Lc 16:19-21) de uma forma tão desumana que só de pensar na imagem já ficamos incomodados, ao ponto de sentirmos que deveríamos intervir e mudar o quadro.

Mas ele não pode ser mudado e o desfecho da parábola tem o essencial dela: os ensinos acerca do Reino. Lázaro e o rico, cujo nome se desconhece[1] e que está no Hades, no lugar dos mortos, tem consciência, conhecimento do seu estado, desespero pela situação trágica em que se encontra, deseja ter uma gota daquilo que agora Lázaro usufrui, preocupa-se com os seus que estão ainda na terra e que, segundo ele, alertados, evitarão ir para aquele lugar trágico. Percebe que não vai poder sair dali, os ‘outros’ com quem Lázaro está, estão muito longe e são inacessíveis; agora é ele que tem um sofrimento atroz, a esperança de alteração de situação não existe, o tempo de permanência ali é infindável... Tantos ensinos numa simples história que amarra a atenção de qualquer um, que faz parar e pensar nos profundos e sérios ensinos que Jesus deixou apenas numa simples parábola.

Saliento apenas duas curiosidades nesta parábola. A primeira é que Lázaro não fala com o rico depois da morte. O texto frisa sempre Abraão como aquele que responde e argumenta com o rico. Pergunto-me a mim próprio o porquê. Será que em vida o rico não falava com Lázaro por desprezo, mesmo que este o instasse a isso?... Não sei, fica a questão.

A segunda é que o ensino daqueles que defendem o vai vem de espíritos entre o céu e a terra, cai completamente por... terra. Nem para cometer a boa acção de ir avisar os parentes (Lc 16:27-28).

Ensinos extraordinários ditos de uma forma tão simples, só mesmo com a sabedoria de um Ser único: Jesus Cristo.

Alberto Carneiro



[1] Coisa que seria impossível de acontecer pelos padrões humanos... desconhecer o nome do pobre está bem, agora o do rico...