Nestes artigos irei
expor 4 situações bíblicas em que encontramos “missões de curto-prazo”.
Um dos exemplos óbvios
de uma “missão de curto-prazo” está narrado em Lucas 10 e mostra Jesus a
escolher 70 discípulos, e a enviá-los 2 a 2 para irem pelas cidades e lugares
onde ele iria.
Analisemos então a
passagem Lucas 10:1-20 muito resumidamente:
Quanto ao número 70
podemos fazer a ligação com os 70 anciãos que Moisés escolheu para o ajudar
a liderar o povo pelo deserto. E também era o número considerado de nações
que existiam no mundo (Gn 10). A simbologia vale o que vale, não vamos ficar
muito tempo a analisá-la. Mais importante que os 70 é que Jesus envia os
discípulos 2 a 2. Difíceis e perigosos são os caminhos do ministério a
sós! É raro no N.T. vermos algum discípulo a desenvolver o ministério
sozinho, a não ser em situações muito específicas, e por muito pouco tempo
(Ex. Paulo em Atenas, e o próprio texto em At 17:15-16 nos fala que Paulo
esperava por Silas e Timóteo para continuar o ministério). Também podemos
olhar para os pares como reforço do seu testemunho (Dt 17:6), e para apoio
mútuo (Ec 4:9-12). Eles (e nós) precisavam de apoio mútuo, e lembre-mo-nos:
é ainda neste excerto (v3) que o próprio Jesus diz que está a enviá-los
como cordeiros para o meio de lobos!
Jesus também dá aos
discípulos uma advertência (v2): que a colheita é grande e os trabalhadores
são poucos, dando a conhecer o grande trabalho que eles têm pela frente, e
que precisam (tal como nós ainda hoje) de pedir ao Senhor da colheita que
envie mais trabalhadores. Com tanto trabalho, fica também óbvio que nenhum
trabalhador da colheita pode andar ocioso!
Nos v4-12, Jesus dá
mais algumas indicações para aquela missão. Não podemos para o propósito
deste texto alongar-nos por todos eles, porém queremos destacar um deles:
- “Não leveis bolsa,
nem alforge, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho” (v4). A
indicação de Jesus não é para que fossem descalços, mas para que não se
preocupassem com os preparativos para a viagem, pois Deus cuidaria deles;
quanto às saudações pelo caminho, também não era para que fossem rudes com
quem encontrassem, mas é para que não perdessem o foco daquilo que iam fazer,
ficando a conversar com alguém no caminho, por exemplo. Em resumo, a missão
que iam desempenhar era importante, urgente, e eles deviam estar concentrados
no que iam fazer e não preocupados com coisas secundárias.
Nos versículos 17 a 20
temos a descrição do regresso dos 70, cheios de imensa alegria, relatando que
até mesmo os demónios se submetiam pelo nome de Jesus. Jesus diz-lhes que
acabaram de causar uma grande derrota ao inimigo e que quando Jesus lhes dá a
autoridade, “nada, absolutamente nada, vos causará dano” (v19).
Rui Ribeiro