sábado, 30 de junho de 2018

Missões de curto-prazo - Rui Ribeiro

Nestes artigos irei expor 4 situações bíblicas em que encontramos “missões de curto-prazo”.

Um dos exemplos óbvios de uma “missão de curto-prazo” está narrado em Lucas 10 e mostra Jesus a escolher 70 discípulos, e a enviá-los 2 a 2 para irem pelas cidades e lugares onde ele iria.

Analisemos então a passagem Lucas 10:1-20 muito resumidamente:

Quanto ao número 70 podemos fazer a ligação com os 70 anciãos que Moisés escolheu para o ajudar a liderar o povo pelo deserto. E também era o número considerado de nações que existiam no mundo (Gn 10). A simbologia vale o que vale, não vamos ficar muito tempo a analisá-la. Mais importante que os 70 é que Jesus envia os discípulos 2 a 2. Difíceis e perigosos são os caminhos do ministério a sós! É raro no N.T. vermos algum discípulo a desenvolver o ministério sozinho, a não ser em situações muito específicas, e por muito pouco tempo (Ex. Paulo em Atenas, e o próprio texto em At 17:15-16 nos fala que Paulo esperava por Silas e Timóteo para continuar o ministério). Também podemos olhar para os pares como reforço do seu testemunho (Dt 17:6), e para apoio mútuo (Ec 4:9-12). Eles (e nós) precisavam de apoio mútuo, e lembre-mo-nos: é ainda neste excerto (v3) que o próprio Jesus diz que está a enviá-los como cordeiros para o meio de lobos!

Jesus também dá aos discípulos uma advertência (v2): que a colheita é grande e os trabalhadores são poucos, dando a conhecer o grande trabalho que eles têm pela frente, e que precisam (tal como nós ainda hoje) de pedir ao Senhor da colheita que envie mais trabalhadores. Com tanto trabalho, fica também óbvio que nenhum trabalhador da colheita pode andar ocioso!

Nos v4-12, Jesus dá mais algumas indicações para aquela missão. Não podemos para o propósito deste texto alongar-nos por todos eles, porém queremos destacar um deles:

- “Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho” (v4). A indicação de Jesus não é para que fossem descalços, mas para que não se preocupassem com os preparativos para a viagem, pois Deus cuidaria deles; quanto às saudações pelo caminho, também não era para que fossem rudes com quem encontrassem, mas é para que não perdessem o foco daquilo que iam fazer, ficando a conversar com alguém no caminho, por exemplo. Em resumo, a missão que iam desempenhar era importante, urgente, e eles deviam estar concentrados no que iam fazer e não preocupados com coisas secundárias.

Nos versículos 17 a 20 temos a descrição do regresso dos 70, cheios de imensa alegria, relatando que até mesmo os demónios se submetiam pelo nome de Jesus. Jesus diz-lhes que acabaram de causar uma grande derrota ao inimigo e que quando Jesus lhes dá a autoridade, “nada, absolutamente nada, vos causará dano” (v19).

Por fim, corrige o foco da alegria dos discípulos, não no poder de expulsar demónios, nas maravilhas que viram acontecer, mas sim porque o nome deles está “arrolado nos céus”, ou seja, a maravilha maior deles deveria estar no facto que Deus os salvou e não no facto que Ele lhes deu poder e autoridade para fazerem grandes sinais e milagres.

Rui Ribeiro