sábado, 30 de junho de 2018

O relacionamento de Jesus com os justos e os pecadores - Ezequiel Julião

1º. A aproximação de Jesus

Um olhar atento ao período intertestamentário, partindo do Antigo Testamento

Nada nos pode separar dos contextos em que vivemos, por isso ao abordarmos a forma como Jesus se relacionava com as pessoas precisamos, em primeiro lugar, passar um olhar atento para as realidades dos tempos anteriores ao nascimento de Jesus, os tempos em que ele viveu, de forma a perceber melhor as suas ações.

Alguns dos traços marcantes da sociedade israelita daquele tempo eram a pureza da raça, a situação económica, as profissões e até mesmo o aspecto social. Para eles, o pertencer a uma família hebraica sem participação de pessoas de outras nacionalidades, tanto na linhagem sacerdotal como entre as famílias comuns, era de grande importância para a credibilidade que se dava às pessoas.

O ministério de Jesus, é realizado nesse ambiente como vemos na narrativa de Lc 4.16:30. A narrativa nos apresenta Jesus numa sinagoga a ler e explicar o texto sagrado, e revelar como esse texto estava ser cumprido na sua pessoa. O facto de as pessoas conhecerem Jesus e sua origem, apesar de reconhecerem nele sabedoria, leva-os a não aceitarem essas explicações e aplicações, a ponto de, irados, expulsarem-no da cidade. Mas ele continua seu ministério mostrando misericórdia para todos os homens.

A quebra dos paradigmas usados pelos mestres daquele tempo

Jesus quebra todos os parâmetros que regiam a sociedade no que toca ao aceitação do próximo, até mesmo na escolha daqueles que seriam seus discípulos. Quando olhamos para a forma como ele chamou para a caminhada, alguns dos seus discípulos (Mt 4.18:22, Mc 2.13:14) fica claro que Jesus se distancia do paradigma usado pelos mestres daquele tempo. Por exemplo, escolher um cobrador de impostos era como jogar uma mancha no bom nome que o mestre tinha. No entanto, Jesus olhou com misericórdia e não vacilou em chamar para o seu convívio alguém que era considerado um grande pecador como Levi, que era considerado indigno para o convívio daqueles que se achavam puros.

Uma nova forma de se relacionar

Em Jesus, encontramos uma nova forma de relacionar-se que não tem base na pureza que emana do ser humano, mas de um olhar gracioso de Deus. Jesus sempre olhou para o Homem na perspectiva Divina. Deus é quem por sua vontade escolheu trazer a restauração para a humanidade e isso não é pelos bons comportamentos ou pelos laços familiares, ou ainda pela localização da sua terra natal. Na perspectiva divina, pureza não depende dos atos de bondade ou de uma linhagem pura, mas da justiça que o próprio Deus imputa-lhes e isso os faz serem vistos com potencial.

Como Jesus avaliava as pessoas?

Contrariamente ao que se podia esperar naquele tempo, Jesus avaliava as pessoas não por aquilo que eles tinham para oferecer, ou por terem já uma grande bagagem de conhecimento ou reconhecimento. Jesus olhava e convivia com as pessoas em função do que ele mesmo podia oferecer. Apesar de não ser perceptível para muitos, o que ele tinha para oferecer ia além da realidade que as pessoas experimentavam. Se as pessoas pensavam apenas num plano terreno, o pensamento de Jesus estava norteado pela dimensão espiritual, que habilita todo ser humano a experimentar a vida na terra, e para além dela, glorificando a Deus. O diferencial na avaliação de Jesus é que ele estava interessado em doar-se para que homens condenados, como você e eu, fossem vistos como potenciais servos para cooperar no Reino de Deus.


Ezequiel Julião