1º. A aproximação de
Jesus
Um olhar atento ao
período intertestamentário, partindo do Antigo Testamento
Nada nos pode separar
dos contextos em que vivemos, por isso ao abordarmos a forma como Jesus se
relacionava com as pessoas precisamos, em primeiro lugar, passar um olhar
atento para as realidades dos tempos anteriores ao nascimento de Jesus, os
tempos em que ele viveu, de forma a perceber melhor as suas ações.
Alguns dos traços
marcantes da sociedade israelita daquele tempo eram a pureza da raça, a
situação económica, as profissões e até mesmo o aspecto social. Para eles, o
pertencer a uma família hebraica sem participação de pessoas de outras
nacionalidades, tanto na linhagem sacerdotal como entre as famílias comuns, era
de grande importância para a credibilidade que se dava às pessoas.
O ministério de Jesus, é
realizado nesse ambiente como vemos na narrativa de Lc 4.16:30. A narrativa nos
apresenta Jesus numa sinagoga a ler e explicar o texto sagrado, e revelar como
esse texto estava ser cumprido na sua pessoa. O facto de as pessoas conhecerem
Jesus e sua origem, apesar de reconhecerem nele sabedoria, leva-os a não
aceitarem essas explicações e aplicações, a ponto de, irados, expulsarem-no da
cidade. Mas ele continua seu ministério mostrando misericórdia para todos os
homens.
A quebra dos paradigmas
usados pelos mestres daquele tempo
Jesus quebra todos os
parâmetros que regiam a sociedade no que toca ao aceitação do próximo, até
mesmo na escolha daqueles que seriam seus discípulos. Quando olhamos para a
forma como ele chamou para a caminhada, alguns dos seus discípulos (Mt 4.18:22,
Mc 2.13:14) fica claro que Jesus se distancia do paradigma usado pelos mestres
daquele tempo. Por exemplo, escolher um cobrador de impostos era como jogar uma
mancha no bom nome que o mestre tinha. No entanto, Jesus olhou com misericórdia
e não vacilou em chamar para o seu convívio alguém que era considerado um
grande pecador como Levi, que era considerado indigno para o convívio daqueles
que se achavam puros.
Uma nova forma de se
relacionar
Em Jesus, encontramos uma
nova forma de relacionar-se que não tem base na pureza que emana do ser humano,
mas de um olhar gracioso de Deus. Jesus sempre olhou para o Homem na
perspectiva Divina. Deus é quem por sua vontade escolheu trazer a restauração
para a humanidade e isso não é pelos bons comportamentos ou pelos laços
familiares, ou ainda pela localização da sua terra natal. Na perspectiva
divina, pureza não depende dos atos de bondade ou de uma linhagem pura, mas da
justiça que o próprio Deus imputa-lhes e isso os faz serem vistos com
potencial.
Como Jesus avaliava as
pessoas?
Contrariamente ao que se
podia esperar naquele tempo, Jesus avaliava as pessoas não por aquilo que eles
tinham para oferecer, ou por terem já uma grande bagagem de conhecimento ou
reconhecimento. Jesus olhava e convivia com as pessoas em função do que ele
mesmo podia oferecer. Apesar de não ser perceptível para muitos, o que ele
tinha para oferecer ia além da realidade que as pessoas experimentavam. Se as
pessoas pensavam apenas num plano terreno, o pensamento de Jesus estava
norteado pela dimensão espiritual, que habilita todo ser humano a experimentar
a vida na terra, e para além dela, glorificando a Deus. O diferencial na
avaliação de Jesus é que ele estava interessado em doar-se para que homens
condenados, como você e eu, fossem vistos como potenciais servos para cooperar
no Reino de Deus.
Ezequiel Julião