A História tem
demonstrado até que ponto a liderança humana tem influenciado – positiva ou
negativamente – o rumo dos
acontecimentos, não só a nível secular, como também ao nível das Igrejas locais
e organizações cristãs. O progresso ou decadência de pessoas e instituições tem estado sempre nitidamente relacionada com a qualidade da sua
liderança.
O facto de a liderança
ser essencial na condução das sociedades pode levar a que a mesma seja
encarada como uma criação humana, o que não corresponde à verdade. A liderança
é um valor que tem origem na mente de Deus, ela é um conceito cem por cento
Divino mas, como tantas outras coisas, veio a ser adulterado e manipulado,
dando lugar a formas diversas de liderança, em função do indivíduo que a
assume, do perfil das instituições que a utilizam e dos objectivos a alcançar.
Tal diversidade de conceitos pode ser considerado como algo perfeitamente
aceitável, mas para o cristão nascido de novo, o único padrão de liderança
aceitável encontra-se na Bíblia, e Deus espera que o adoptemos. Um líder
cristão que procure estabelecer os seus próprios padrões de liderança, sem ter
em linha de conta os padrões bíblicos já estabelecidos por Deus, jamais
conseguirá ser um líder espiritual; poderá ser, quando muito, um líder humano,
com um exercício de liderança não bíblica, com uma distorção dos padrões
bíblicos, na utilização dos mesmos ao serviço de interesses e ambições
pessoais.
Tradicionalmente,
herdamos o conceito de que a Igreja local, bem como muitas outras instituições
cristãs, são organismos democráticos, na medida em que todos os seus membros
têm a responsabilidade de participar nas decisões que determinam a sua vida e
objectivos. Ora, a História da Igreja através dos séculos tem evidenciado como
são remotas as hipóteses de tal acontecer. Todo o cristão biblicamente
esclarecido sabe que, do ponto de vista de Deus, a Igreja é uma Teocracia - a
liderança do Espírito Santo sobre a ilusão da sabedoria humana. Isso implica
que para que um sistema democrático, estabelecido no seio de um organismo
cristão, se torne efectivamente numa teocracia, é necessário que a mente e o
coração de cada crente, no exercício do seu direito deliberativo ou do seu
ministério diário, estejam totalmente em sintonia com a autoridade absoluta do
Espírito Santo (este é o conceito bíblico de Reino de Deus). Sempre que tal
"Teocracia Democrática" não se verifica na vida do crente, a sua
intervenção será sempre um acto de autocracia - a imposição da vontade humana,
em oposição à Vontade Divina. A autocracia conduz, infalivelmente, à decadência
e queda das instituições, quer elas sejam a Família, a Igreja ou quaisquer
outras.
Isto pode, à partida,
parecer-nos aterrador e sem solução, pois o conhecimento que temos da nossa
natureza, mostra uma tendência para a Autocracia, nunca para o reconhecimento
da realidade Teocrática. Comportamentos autocráticos têm sido um problema, na História
da Igreja, e nós, Evangélicos, devemos humildemente admitir a existência de tal fenómeno no nosso seio,
antes de apontarmos o dedo indicador noutra direcção.
Importa porém dizer que,
apesar de riscos serem corridos ao longo de um processo de escolha de líderes
cristãos, isso não significa que os mesmos não continuem a ser um instrumento
necessário, estabelecido e usado por Deus, para a execução dos propósitos que
Ele Próprio estabeleceu para o ser humano em geral e para o Seu povo em
particular.Tal como nos diz Oswald Sanders, no seu livro "Liderança
Espiritual":
"Objectivos espirituais só podem ser alcançados por homens espirituais, através de métodos espirituais. Que grande mudança poderia efectuar-se nas nossas igrejas e organizações cristãs se esta prioridade fosse estritamente observada!"
Armando Alves