Pensar em missões hoje para muitas igrejas é
um sonho, uma aventura desalentadora, por várias razões: desinformação,
isolamento, falta de recursos económicos e humanos, um conceito limitado do
que significa “ser igreja”. Este último ponto é talvez o mais influente no
momento de decidir participar de um projecto missionário ou iniciar algum.
Isto porque existe a ideia de que se deve dar prioridade ao trabalho da igreja
local, que de por si já é muito: Atividades dos diferentes departamentos ou
ministérios; problemas próprios de cada comunidade; calendários cheios. E
assumir trabalhos que muitas vezes não apresentam resultados a curto prazo,
que implicam despesas de dinheiro que não existe e que a longo prazo não vai
a refletir uma mudança considerável no rol de membros (ainda por vezes
significará perdê-los), não é muito motivante.
Atos 1:8 apresenta um desafio. «Mas recebereis
poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas,
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da
terra». Os dois principais papéis do Espírito Santo são convencer o mundo do
pecado (João 16: 8) e conformar o povo de Deus em uma comunidade missional
mundial de adoração (Atos 1: 8) que são enviados em missão. Seguidamente,
Jesus expressa a característica da Missão. A preposição «em» (Kai no
grego), da ideia da simultaneidade do trabalho missionário. O evangelho devia
ser pregado «em simultâneo» em Jerusalém, em Judeia, em Samaria e em Roma. E
isso só fui possível pela parceria entre as primeiras igrejas, como foi o
caso de Antioquia com Paulo e Barnabé, ou com as igrejas dos gentios ajudando
aos irmãos em Jerusalém.
Simultâneo é um termo com origem no latim
simul (“juntamente”). As coisas simultâneas são aquelas que acontecem ou
ocorrem ao mesmo tempo. A qualidade do que é simultâneo recebe o nome de
simultaneidade. Esta é a propriedade de dois ou mais acontecimentos/eventos
que têm lugar ao mesmo tempo e que, por conseguinte, são coincidentes no
tempo (dentro de um certo quadro de referência). A simultaneidade no âmbito
das missões significa a possibilidade de alcançar pessoas e lugares, que de
outra maneira seria muito difícil. A simultaneidade da possibilidade a igrejas
de todo tipo de semear e colher juntos. Uma comunidade pode ser igreja em um
lugar, e ao mesmo tempo unir-se a outra na formação ou consolidação de
igrejas em lugares totalmente diferentes.
Desde esta perspectiva, não há diferença
entre igrejas pequenas ou grandes, com poucos ou muitos recursos; não há
distinção entre missões nacionais e internacionais. A missão é uma, o foco
é a glória de Deus e o instrumento é o seu povo. A mensagem da missão de
Deus inclui a participação do seu povo. A Igreja, os santos redimidos de
Deus, foram empoderados e comissionados para serem Seus agentes testemunhais em
todo o mundo. Um testemunho em simultâneo para «todas as famílias da terra».
Carlos Martinez