O que é que pode abalar
o teu mundo? A morte, o desemprego, a doença, uma discussão acalorada, um
acidente rodoviário, uma traição. Este post irá refletir no texto que se
encontra em Marcos 16:1-8 e no encontro com três mulheres, Maria Madalena,
Maria (mãe de Tiago e José) e Salomé. Dizem-nos as Escrituras que eram
discípulas de Jesus, que presenciaram os seus milagres, que ouviram os seus
discursos e serviram-no, chegando até a assistir ao momento mais difícil do
seu ministério, a crucificação (Mc 15:40-41). Estas mulheres após terem
visto Jesus expirar na cruz continuaram a observá-lo, sabendo exatamente onde
o corpo tinha sido sepultado (Mc 15:47).
É interessante notar o
interesse destas mulheres por Jesus. Ele estava morto, a sua esperança tinha
morrido com Ele, só restava a tristeza, o choro, o luto, a fuga. Mas elas
ainda acreditavam poder servir o Mestre, cuidando do Seu corpo. De acordo com
Vaux, os hebreus criam que enquanto subsiste o corpo (até pelo menos durar a
ossada) subsiste a alma.
Assim, as mulheres
diligentemente, compraram aromas e especiarias para poderem ungir o corpo de
Jesus. A unção para a sepultura consistia em cobrir o corpo de uma pasta
especial (formada por aloés e ervas aromáticas) que no caso de Jesus, pesava
cerca de 45 kg (Jo 19:39). De seguida as faixas de linho eram enroladas à
volta do corpo, dos pés até ao pescoço (Rainho). A pasta endurecia e
impregnava as faixas até que um molde se formasse ao redor do corpo, que seria
de difícil extração. Este processo servia para conservar o corpo, retardando
a decomposição.
O propósito destas
mulheres rapidamente esbarrou num obstáculo, uma grande pedra estava à
entrada do túmulo. Cabisbaixas, percorrendo o caminho, pensavam em como haviam
de a retirar, seria quase impossível. Olhando para cima (v. 4), repararam que
a pedra tinha sido removida. O espanto, a surpresa e provavelmente a suspeita
deve ter inundado as suas mentes. Entraram no túmulo e deparam-se com um anjo.
Um turbilhão de sentimentos assolou os seus corações: pasmo, assombro,
temor, maravilha. Era tal o choque que o anjo necessita de focar a atenção
das mulheres no seu propósito, Jesus. Ele acalma-as, confirma a identidade da
pessoa a quem buscavam, Jesus, que tinha sido crucificado, referindo que Ele
estava vivo, que tinha ressuscitado e que o seu corpo já não estava ali.
Diante dos factos, as
mulheres ficaram sem propósito. Mas, Deus tinha um propósito muito diferente
e mais elevado para elas. O anjo ordenou-lhes que fossem e anunciassem aos
discípulos o que tinham visto, e para que encontrassem Jesus na Galileia. É
incrível a nota do anjo: “como ele vos disse” (v.7). Tanto os doze, como as
mulheres tinham ouvido Jesus a falar da sua ressurreição e até viram Jesus a
ressuscitar Lázaro (Jo 11:1-29), mas a morte, a dor, a finitude, a humanidade,
a carnalidade tomou conta dos seus corações incrédulos.
O versículo 8 é
enigmático e percetível. Afinal a vida daquelas mulheres, os seus
propósitos, motivações, sentimentos, emoções, prioridades e crenças
tinham sido completamente abalados. Tudo estava de pernas para o ar, o mundo
delas tinha virado ao contrário. Como reagiríamos diante de tais
acontecimentos? A fuga e o silêncio parecem-me reações justificáveis.
Como é que reages
diante dos obstáculos, das perdas, quando até as tuas crenças são postas em
causa? Como as mulheres que ficaram agastadas com tamanho revés nos
acontecimentos?
Sabemos que a história
da ressurreição não acaba no verso 8. As mulheres foram e anunciaram tudo o
que tinham visto e ouvido aos discípulos. A sua aparente desobediência, falta
de propósito, incredulidade, desnorteamento e medo dá lugar à fé e à
obediência.
Jesus é o Deus dos
vivos, é a ressurreição e a Vida. Ele tudo pode, venceu o maior
inimigo/obstáculo do mundo por amor a ti e a mim. Deixa para trás o medo,
abraça a libertação dos problemas que assolam a tua humanidade, e segue
pensando no que te está proposto, um corpo incorruptível, uma existência
eterna onde não haverá choro, nem dor, nem pranto. Não te esqueças das
palavras de Jesus: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci
o mundo” (Jo 16:33).
Inês Gandaio
Inês Gandaio