segunda-feira, 24 de setembro de 2018

A ressurreição de Jesus - Inês Gandaio

O que é que pode abalar o teu mundo? A morte, o desemprego, a doença, uma discussão acalorada, um acidente rodoviário, uma traição. Este post irá refletir no texto que se encontra em Marcos 16:1-8 e no encontro com três mulheres, Maria Madalena, Maria (mãe de Tiago e José) e Salomé. Dizem-nos as Escrituras que eram discípulas de Jesus, que presenciaram os seus milagres, que ouviram os seus discursos e serviram-no, chegando até a assistir ao momento mais difícil do seu ministério, a crucificação (Mc 15:40-41). Estas mulheres após terem visto Jesus expirar na cruz continuaram a observá-lo, sabendo exatamente onde o corpo tinha sido sepultado (Mc 15:47).

É interessante notar o interesse destas mulheres por Jesus. Ele estava morto, a sua esperança tinha morrido com Ele, só restava a tristeza, o choro, o luto, a fuga. Mas elas ainda acreditavam poder servir o Mestre, cuidando do Seu corpo. De acordo com Vaux, os hebreus criam que enquanto subsiste o corpo (até pelo menos durar a ossada) subsiste a alma.

Assim, as mulheres diligentemente, compraram aromas e especiarias para poderem ungir o corpo de Jesus. A unção para a sepultura consistia em cobrir o corpo de uma pasta especial (formada por aloés e ervas aromáticas) que no caso de Jesus, pesava cerca de 45 kg (Jo 19:39). De seguida as faixas de linho eram enroladas à volta do corpo, dos pés até ao pescoço (Rainho). A pasta endurecia e impregnava as faixas até que um molde se formasse ao redor do corpo, que seria de difícil extração. Este processo servia para conservar o corpo, retardando a decomposição.

O propósito destas mulheres rapidamente esbarrou num obstáculo, uma grande pedra estava à entrada do túmulo. Cabisbaixas, percorrendo o caminho, pensavam em como haviam de a retirar, seria quase impossível. Olhando para cima (v. 4), repararam que a pedra tinha sido removida. O espanto, a surpresa e provavelmente a suspeita deve ter inundado as suas mentes. Entraram no túmulo e deparam-se com um anjo. Um turbilhão de sentimentos assolou os seus corações: pasmo, assombro, temor, maravilha. Era tal o choque que o anjo necessita de focar a atenção das mulheres no seu propósito, Jesus. Ele acalma-as, confirma a identidade da pessoa a quem buscavam, Jesus, que tinha sido crucificado, referindo que Ele estava vivo, que tinha ressuscitado e que o seu corpo já não estava ali.

Diante dos factos, as mulheres ficaram sem propósito. Mas, Deus tinha um propósito muito diferente e mais elevado para elas. O anjo ordenou-lhes que fossem e anunciassem aos discípulos o que tinham visto, e para que encontrassem Jesus na Galileia. É incrível a nota do anjo: “como ele vos disse” (v.7). Tanto os doze, como as mulheres tinham ouvido Jesus a falar da sua ressurreição e até viram Jesus a ressuscitar Lázaro (Jo 11:1-29), mas a morte, a dor, a finitude, a humanidade, a carnalidade tomou conta dos seus corações incrédulos.

O versículo 8 é enigmático e percetível. Afinal a vida daquelas mulheres, os seus propósitos, motivações, sentimentos, emoções, prioridades e crenças tinham sido completamente abalados. Tudo estava de pernas para o ar, o mundo delas tinha virado ao contrário. Como reagiríamos diante de tais acontecimentos? A fuga e o silêncio parecem-me reações justificáveis.

Como é que reages diante dos obstáculos, das perdas, quando até as tuas crenças são postas em causa? Como as mulheres que ficaram agastadas com tamanho revés nos acontecimentos?

Sabemos que a história da ressurreição não acaba no verso 8. As mulheres foram e anunciaram tudo o que tinham visto e ouvido aos discípulos. A sua aparente desobediência, falta de propósito, incredulidade, desnorteamento e medo dá lugar à fé e à obediência.

Jesus é o Deus dos vivos, é a ressurreição e a Vida. Ele tudo pode, venceu o maior inimigo/obstáculo do mundo por amor a ti e a mim. Deixa para trás o medo, abraça a libertação dos problemas que assolam a tua humanidade, e segue pensando no que te está proposto, um corpo incorruptível, uma existência eterna onde não haverá choro, nem dor, nem pranto. Não te esqueças das palavras de Jesus: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo” (Jo 16:33).

Inês Gandaio