terça-feira, 18 de setembro de 2018

Um líder servo no século XXI - Miguel Jerónimo

No vosso meio porém não será assim. Quem quiser ser grande no vosso meio será vosso servo. E quem quiser ser o primeiro no vosso meio será como vosso escravo. A vossa maneira de proceder deve ser a mesma do Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir” (Mateus 20:26-28 – O LIVRO).

Jesus veio claramente quebrar o paradigma no que diz respeito à forma como devemos ver a liderança, principalmente a liderança cristã. Ele tira o foco do benefício próprio e coloca-o no benefício do outro, desvia a atenção do poder e autoridade e chama a atenção para o serviço voluntário e abnegado.

Depois de termos visto e refletido sobre este “novo” estilo de liderança, a pergunta que se impõe é esta: é este um estilo possível de ser replicado nos nossos dias? A verdade é que a busca por protagonismo e poder está na génese do ser humano e os cristãos não estão isentos dessa tentação. Então ao longo dos séculos foi-se vendo uma igreja onde líderes acumulam poder secular e material e exercem domínio autoritário sobre o povo. O século XXI não é uma exceção e autênticos impérios se erguem com bispos, profetas, apóstolos e afins, no entanto creio que o modelo de liderança de Jesus ainda é o mais eficaz e impactante para hoje.

No ano de 1998 foi lançado um livro chamado “O Monge e o Executivo”[1] que atingiu um sucesso meteórico a nível mundial, vendendo mais de 3 milhões de exemplares apenas no Brasil! E qual o ensinamento do livro? É o de que a melhor forma de liderar é servindo... o que foi visto pelos leitores como algo revolucionário e inovador!

A parábola que o autor James C. Hunter conta no seu livro nada mais é do que uma versão moderna, aplicada ao contexto de liderança secular, do estilo de liderança servil de Jesus. A verdade é que quando um líder cristão segue o exemplo de Jesus ele está a quebrar um paradigma e a demonstrar uma forma altruísta e apaixonada de liderança e isso surpreende as pessoas de forma positiva, pelo facto de não ser algo com que se deparem muitas vezes.

Para mim esta deve ser o diferencial de qualquer pastor e líder, de qualquer um que esteja numa posição de liderança com o intuito de trazer glória ao nome de Deus. O principal receio será, porventura, o da perda de autoridade, de se ser “abusado” ou de não se ser reconhecido como líder, mas estes receios humanos escondem na verdade um desejo de protagonismo e poder que apenas o serviço pode quebrar.

O exemplo que Jesus deu no Cenáculo foi de humilhação perante aqueles a quem servia, mas a muito mais humilhação se sujeitou quando foi pendurado num madeiro como qualquer condenado amaldiçoado, e como um líder exemplar tomou o nosso lugar e sofreu o castigo que nós merecíamos.

Agora que sabem estas coisas, serão felizes se as praticarem”. (João 13:17 – O LIVRO).

Miguel Jerónimo



[1] “The Servant” na versão original em inglês.