“No vosso meio porém
não será assim. Quem quiser ser grande no vosso meio será vosso servo. E
quem quiser ser o primeiro no vosso meio será como vosso escravo. A vossa
maneira de proceder deve ser a mesma do Filho do Homem, que não veio para ser
servido, mas para servir” (Mateus 20:26-28 – O LIVRO).
Jesus veio claramente
quebrar o paradigma no que diz respeito à forma como devemos ver a liderança,
principalmente a liderança cristã. Ele tira o foco do benefício próprio e
coloca-o no benefício do outro, desvia a atenção do poder e autoridade e chama
a atenção para o serviço voluntário e abnegado.
Depois de termos visto e
refletido sobre este “novo” estilo de liderança, a pergunta que se impõe é
esta: é este um estilo possível de ser replicado nos nossos dias? A verdade é
que a busca por protagonismo e poder está na génese do ser humano e os
cristãos não estão isentos dessa tentação. Então ao longo dos séculos
foi-se vendo uma igreja onde líderes acumulam poder secular e material e
exercem domínio autoritário sobre o povo. O século XXI não é uma exceção
e autênticos impérios se erguem com bispos, profetas, apóstolos e afins, no
entanto creio que o modelo de liderança de Jesus ainda é o mais eficaz e
impactante para hoje.
No ano de 1998 foi
lançado um livro chamado “O Monge e o Executivo”[1]
que atingiu um sucesso meteórico a nível mundial, vendendo mais de 3 milhões
de exemplares apenas no Brasil! E qual o ensinamento do livro? É o de que a
melhor forma de liderar é servindo... o que foi visto pelos leitores como algo
revolucionário e inovador!
A parábola que o autor
James C. Hunter conta no seu livro nada mais é do que uma versão moderna,
aplicada ao contexto de liderança secular, do estilo de liderança servil de
Jesus. A verdade é que quando um líder cristão segue o exemplo de Jesus ele
está a quebrar um paradigma e a demonstrar uma forma altruísta e apaixonada
de liderança e isso surpreende as pessoas de forma positiva, pelo facto de
não ser algo com que se deparem muitas vezes.
Para mim esta deve ser o
diferencial de qualquer pastor e líder, de qualquer um que esteja numa posição
de liderança com o intuito de trazer glória ao nome de Deus. O principal
receio será, porventura, o da perda de autoridade, de se ser “abusado” ou de
não se ser reconhecido como líder, mas estes receios humanos escondem na
verdade um desejo de protagonismo e poder que apenas o serviço pode quebrar.
O exemplo que Jesus deu
no Cenáculo foi de humilhação perante aqueles a quem servia, mas a muito
mais humilhação se sujeitou quando foi pendurado num madeiro como qualquer
condenado amaldiçoado, e como um líder exemplar tomou o nosso lugar e sofreu
o castigo que nós merecíamos.
“Agora que sabem estas
coisas, serão felizes se as praticarem”. (João 13:17 – O LIVRO).
Miguel Jerónimo