Um sonho muito comum da
liderança das igrejas em geral é ter a “paróquia” própria. Muitas actividades
que se fazem nas congregações locais tem o propósito de exibir força,
recursos, talentos, organização. Há um exacerbado apego as estatísticas como
uma maneira de comprovar a efectividade dos trabalhos que se estão a fazer.
Congressos, capacitações e encontros são feitos para publicitar o método
que está a ter sucesso em algum canto do mundo. O evangelista solitário e com
resultados de curto prazo, se não "instantâneos”, é mais valorado que a
equipa que investe meses ou até anos em alcançar uma comunidade com o
evangelho de Cristo.
É necessário
reconhecer que nenhum de nós é suficiente em nós mesmos para cumprir a
missão. Isolados, todos temos limitações, os recursos humanos, físicos e
financeiros são escassos, a força e pouca. O sucesso que alguém possa
alcançar é transitório. Necessitamos dos outros. Necessitamos trabalhar em
parceria. E necessitamos de humildade para admitir tudo isso. Profissionais,
cientistas, desportistas, artistas, jovens e velhos, homens e mulheres, todos
podem ser parte do trabalho redentor de nosso Deus quando o trabalho é feito
em equipa, em parceria. Todos podem ser partícipes da graça de Deus neles e em
outros.
Em João 4, Jesus
instrui os seus discípulos sobre a importância da parceria na proclamação
do evangelho. «Porque nisso é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia, e
outro, o que ceifa. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros
trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho» (37-38). A regra no reino
espiritual é que o semeador e quem faz a colheita sejam pessoas diferentes.
Todo obreiro do reino é ao mesmo tempo ceifador (do que outros semearam) e
semeador (da semente que produzirá uma colheita que outros colherão). Na
ceifa do Senhor, não há competição. Cada um recebe uma tarefa, e todos
fazem parte do trabalho uns dos outros. Portanto, tanto o semeador quanto o
ceifeiro desfrutam deste plano divino: sempre haverá uma colheita. Os que
semeiam talvez não vejam o resultado de seu trabalho, mas os que colhem vêem
e dão graças pelo esforço dos semeadores.
A abordagem do trabalho
em parceria também reconhece que Deus é o orquestrador da colheita, o
cronograma está em Suas mãos. Por algum motivo, quando se trata de
testemunhar de Cristo, parece sempre ser o lugar errado e a hora errada. O
comentarista Warren Wiersbe expressa o seguinte com respeito ao texto de João
4:
«Imagino que, ao
chegarem perto de Sicar, os discípulos disseram: "Não pode haver
colheita aqui! Essa gente despreza os judeus e não aceitaria nossa
mensagem". Mas era justamente o contrário: aqueles campos estavam prontos
para a ceifa e só precisavam de trabalhadores dedicados». Outros haviam trabalhado
em Samaria e feito preparativos para essa colheita.
O desafio é grande. O
trabalho se apresenta difícil. O tempo passa e parece que as forças não são
suficientes. Trabalhemos juntos! Deus é fiel, por isso nós podemos ser fiéis.
Carlos Martinez
Carlos Martinez