segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O desafio do trabalho em parceria - Carlos Martinez

Um sonho muito comum da liderança das igrejas em geral é ter a “paróquia” própria. Muitas actividades que se fazem nas congregações locais tem o propósito de exibir força, recursos, talentos, organização. Há um exacerbado apego as estatísticas como uma maneira de comprovar a efectividade dos trabalhos que se estão a fazer. Congressos, capacitações e encontros são feitos para publicitar o método que está a ter sucesso em algum canto do mundo. O evangelista solitário e com resultados de curto prazo, se não "instantâneos”, é mais valorado que a equipa que investe meses ou até anos em alcançar uma comunidade com o evangelho de Cristo.

É necessário reconhecer que nenhum de nós é suficiente em nós mesmos para cumprir a missão. Isolados, todos temos limitações, os recursos humanos, físicos e financeiros são escassos, a força e pouca. O sucesso que alguém possa alcançar é transitório. Necessitamos dos outros. Necessitamos trabalhar em parceria. E necessitamos de humildade para admitir tudo isso. Profissionais, cientistas, desportistas, artistas, jovens e velhos, homens e mulheres, todos podem ser parte do trabalho redentor de nosso Deus quando o trabalho é feito em equipa, em parceria. Todos podem ser partícipes da graça de Deus neles e em outros.

Em João 4, Jesus instrui os seus discípulos sobre a importância da parceria na proclamação do evangelho. «Porque nisso é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia, e outro, o que ceifa. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho» (37-38). A regra no reino espiritual é que o semeador e quem faz a colheita sejam pessoas diferentes. Todo obreiro do reino é ao mesmo tempo ceifador (do que outros semearam) e semeador (da semente que produzirá uma colheita que outros colherão). Na ceifa do Senhor, não há competição. Cada um recebe uma tarefa, e todos fazem parte do trabalho uns dos outros. Portanto, tanto o semeador quanto o ceifeiro desfrutam deste plano divino: sempre haverá uma colheita. Os que semeiam talvez não vejam o resultado de seu trabalho, mas os que colhem vêem e dão graças pelo esforço dos semeadores.

A abordagem do trabalho em parceria também reconhece que Deus é o orquestrador da colheita, o cronograma está em Suas mãos. Por algum motivo, quando se trata de testemunhar de Cristo, parece sempre ser o lugar errado e a hora errada. O comentarista Warren Wiersbe expressa o seguinte com respeito ao texto de João 4:
«Imagino que, ao chegarem perto de Sicar, os discípulos disseram: "Não pode haver colheita aqui! Essa gente despreza os judeus e não aceitaria nossa mensagem". Mas era justamente o contrário: aqueles campos estavam prontos para a ceifa e só precisavam de trabalhadores dedicados». Outros haviam trabalhado em Samaria e feito preparativos para essa colheita.

O desafio é grande. O trabalho se apresenta difícil. O tempo passa e parece que as forças não são suficientes. Trabalhemos juntos! Deus é fiel, por isso nós podemos ser fiéis.

Carlos Martinez