sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Igreja: Crescimento e Missão – Crescer para fora - Rui Sabino

Jesus, momentos antes de ascender aos céus, comissionou a sua igreja para continuar a missão que havia realizado na Terra durante três anos. A Grande Comissão, de Mateus 28:18-20, é a ordem que o Mestre dá aos seus discípulos para que as Boas-Novas da Salvação fossem transmitidas por todo o mundo.

O Deus de Salvação decidiu, na sua soberania, que a sua mensagem redentora, anunciada desde o Éden, era agora proclamada por um outro “corpo” - a Igreja. Um corpo que podia-se deslocar e estender até aos confins do Mundo. A Igreja, ao assumir a Missio Dei, é, portanto, o povo escatológico anunciado pelos profetas no Antigo Testamento. Segundo Melvin Hodgesx, “a igreja é o agente na evangelização, o meio através do qual Ele se expressa no Mundo. Deus não tem outro agente de redenção na Terra”.

A Grande Comissão de Jesus cumpre-se através da igreja local. Com frequência, podemos ver igrejas com zelo de aprender as Escrituras e de adorar ao Senhor, mas que descoram na missão recebida de Jesus. Interpretações teológicas têm levado muitos cristãos e igrejas a perder o foco do privilégio que Deus entregou ao seu povo de fazer parte da proclamação do Seu amor e salvação.

A partilha do evangelho pode e deve ser feita em duas dimensões através da igreja local. A primeira dimensão é a institucional. A igreja como organização, como instituição local deve estar bem contextualizada na sociedade em que está inserida. Jesus nunca pediu ao Pai que tirasse os seus discípulos do mundo, apenas que os livrasse do mal. A igreja pode ser uma agente abençoadora e de restauração da localidade em que está presente. Deve tornar-se uma cooperadora social no apoio àqueles que são o seu próximo, mas sem nunca perder o foco de que a sua missão primordial é a de revelar a restauração que existe em Cristo. Considero que dentro da igreja, como instituição, existem dons, talentos e recursos que podem ser transmitidos à sociedade, como forma de partilha do amor de Deus. Muitos dos ministérios da igreja local têm sido pouco aproveitados como ferramentas de evangelização e testemunho. Contudo, com os olhos em Cristo e na sua Missão, a igreja deve tornar-se relevante como instituição na localidade onde está inserida.

A segunda dimensão fundamental que uma igreja local deve observar para fazer parte da Missio Dei é a dimensão pessoal e familiar. A Igreja são as pessoas. Os fundadores da igreja de Antioquia, onde os discípulos foram pela primeira vez chamados de Cristãos, foram homens e mulheres do povo, gente anónima. Quando Barnabé e Saulo foram pastorear aquela igreja, ela já existia e já produzia frutos para a eternidade.

Cada Cristão em sua casa, no seu emprego, escola ou em qualquer outro local onde se encontre, deve assinalar a presença do Reino de Deus. Cada cristão, ou cada família, deve assumir o seu sacerdócio, e ser sal e luz deste mundo, atraindo para Deus uma geração rebelde e perdida.

Por muitos anos, a igreja refugiou-se no zelo missionário das instituições e no profissionalismo do clero, em detrimento da responsabilidade pessoal de testemunhar a salvação.

É necessário que haja uma visão de urgência da importância da evangelização, de tal modo  que possa fazer com que cada Cristão se possa sentir como  “devedor tanto a gregos como a bárbaros”, ou seja, que cada cristão se torne um ministro de reconciliação e que cada lar possa tornar-se numa igreja.

Uma igreja que esteja empenhada em cumprir a Missio Dei, vai assumir a urgência e o privilégio da proclamação da preciosa graça de Deus em Jesus Cristo. Os ministérios da igreja local deixarão de se centrar unicamente na edificação do corpo e assumirão uma postura missionária, com um foco no mundo.

A pregação deixará apenas de edificar cristãos, mas confrontará os pecadores com o pecado e apelará à vida eterna.  A pregação desafiará a igreja a envolver-se em missões e a despertar vocações no seu meio com vista ao serviço do ministério pastoral e missionário.

A oração da comunidade, deixará de ser centrada nas melhoras dos doentes, ou nas dificuldades dos cristãos e será uma arma aguçada na conquista de almas para o Senhor.

O orçamento da igreja não estará mais focado nas necessidades da igreja local, mas estará ao Serviço do Reino de Deus.

Os ministérios com crianças, de jovens, mulheres, grupos familiares ou qualquer outro ministério terão sempre a preocupação e o desejo de cumprirem a Grande Comissão.

Os cristãos, enquanto indivíduos ou famílias, assumirão a sua vocação e servirão com os seus dons, talentos e bens, para que o Reino de Deus possa chegar aos confins do Mundo, de acordo com as instruções de Jesus, o Senhor.

Cremos assim que uma igreja deve ser “Uma comunidade que ama e serve a Deus e as pessoas, e dá a conhecer Jesus a todos os povos”. 

Rui Sabino