Jesus, momentos antes de
ascender aos céus, comissionou a sua igreja para continuar a missão que havia
realizado na Terra durante três anos. A Grande Comissão, de Mateus 28:18-20, é
a ordem que o Mestre dá aos seus discípulos para que as Boas-Novas da Salvação
fossem transmitidas por todo o mundo.
O Deus de Salvação
decidiu, na sua soberania, que a sua mensagem redentora, anunciada desde o
Éden, era agora proclamada por um outro “corpo” - a Igreja. Um corpo que
podia-se deslocar e estender até aos confins do Mundo. A Igreja, ao assumir a
Missio Dei, é, portanto, o povo escatológico anunciado pelos profetas no Antigo
Testamento. Segundo Melvin Hodgesx, “a igreja é o agente na evangelização, o
meio através do qual Ele se expressa no Mundo. Deus não tem outro agente de
redenção na Terra”.
A Grande Comissão de
Jesus cumpre-se através da igreja local. Com frequência, podemos ver igrejas
com zelo de aprender as Escrituras e de adorar ao Senhor, mas que descoram na
missão recebida de Jesus. Interpretações teológicas têm levado muitos cristãos
e igrejas a perder o foco do privilégio que Deus entregou ao seu povo de fazer
parte da proclamação do Seu amor e salvação.
A partilha do evangelho
pode e deve ser feita em duas dimensões através da igreja local. A primeira
dimensão é a institucional. A igreja como organização, como instituição local
deve estar bem contextualizada na sociedade em que está inserida. Jesus nunca
pediu ao Pai que tirasse os seus discípulos do mundo, apenas que os livrasse do
mal. A igreja pode ser uma agente abençoadora e de restauração da localidade em
que está presente. Deve tornar-se uma cooperadora social no apoio àqueles que
são o seu próximo, mas sem nunca perder o foco de que a sua missão primordial é
a de revelar a restauração que existe em Cristo. Considero que dentro da
igreja, como instituição, existem dons, talentos e recursos que podem ser
transmitidos à sociedade, como forma de partilha do amor de Deus. Muitos dos
ministérios da igreja local têm sido pouco aproveitados como ferramentas de
evangelização e testemunho. Contudo, com os olhos em Cristo e na sua Missão, a
igreja deve tornar-se relevante como instituição na localidade onde está
inserida.
A segunda dimensão
fundamental que uma igreja local deve observar para fazer parte da Missio Dei é
a dimensão pessoal e familiar. A Igreja são as pessoas. Os fundadores da igreja
de Antioquia, onde os discípulos foram pela primeira vez chamados de Cristãos,
foram homens e mulheres do povo, gente anónima. Quando Barnabé e Saulo foram
pastorear aquela igreja, ela já existia e já produzia frutos para a eternidade.
Cada Cristão em sua
casa, no seu emprego, escola ou em qualquer outro local onde se encontre, deve
assinalar a presença do Reino de Deus. Cada cristão, ou cada família, deve
assumir o seu sacerdócio, e ser sal e luz deste mundo, atraindo para Deus uma
geração rebelde e perdida.
Por muitos anos, a
igreja refugiou-se no zelo missionário das instituições e no profissionalismo
do clero, em detrimento da responsabilidade pessoal de testemunhar a salvação.
É necessário que haja
uma visão de urgência da importância da evangelização, de tal modo que possa fazer com que cada Cristão se possa
sentir como “devedor tanto a gregos como
a bárbaros”, ou seja, que cada cristão se torne um ministro de reconciliação e
que cada lar possa tornar-se numa igreja.
Uma igreja que esteja
empenhada em cumprir a Missio Dei, vai assumir a urgência e o privilégio da
proclamação da preciosa graça de Deus em Jesus Cristo. Os ministérios da igreja
local deixarão de se centrar unicamente na edificação do corpo e assumirão uma
postura missionária, com um foco no mundo.
A pregação deixará
apenas de edificar cristãos, mas confrontará os pecadores com o pecado e
apelará à vida eterna. A pregação
desafiará a igreja a envolver-se em missões e a despertar vocações no seu meio
com vista ao serviço do ministério pastoral e missionário.
A oração da comunidade,
deixará de ser centrada nas melhoras dos doentes, ou nas dificuldades dos
cristãos e será uma arma aguçada na conquista de almas para o Senhor.
O orçamento da igreja
não estará mais focado nas necessidades da igreja local, mas estará ao Serviço
do Reino de Deus.
Os ministérios com
crianças, de jovens, mulheres, grupos familiares ou qualquer outro ministério
terão sempre a preocupação e o desejo de cumprirem a Grande Comissão.
Os cristãos, enquanto
indivíduos ou famílias, assumirão a sua vocação e servirão com os seus dons,
talentos e bens, para que o Reino de Deus possa chegar aos confins do Mundo, de
acordo com as instruções de Jesus, o Senhor.
Cremos assim que uma
igreja deve ser “Uma comunidade que ama e serve a Deus e as pessoas, e dá a
conhecer Jesus a todos os povos”.
Rui Sabino
Rui Sabino