segunda-feira, 3 de setembro de 2018

As relações pessoais de Jesus - Ezequiel Julião

4ª - O que O motivava a relacionar-se

Numa sociedade em que os relacionamentos eram pautados pela pureza da raça, a situação económica, as profissões e até mesmo o aspecto social era levado em conta, encontramos em Jesus uma prática bem diferente no que toca aos seus relacionamentos, sendo mesmo considerado errado e fora dos parâmetros. A grande pergunta que precisamos responder para entender melhor a abordagem de Jesus, é: Quais eram as suas motivações para relacionar-se com as pessoas que ele encontrava ao longo da sua caminhada ministerial?

Para responder, olharemos para algumas narrativas bíblicas que nos apresentam encontros de Jesus com pessoas, e como ele intencionalmente conduz todo processo de estabelecimento desses relacionamentos, com o propósito de alcançar vilas e cidades, onde o Reino de Deus pudesse ser pregado.

O Amor como Motivação

Um primeiro traço, que se apresenta como elemento motivador para os relacionamentos estabelecidos por Jesus com as pessoas que ele encontrava, sem duvida era o amor. Se por um lado seu amor era logo manifesto e recebido pela pessoa que com ele privava, também era extensível a outros, mostrando outro tipo de motivação. Mas vamos por partes.
Quando lemos os evangelhos e mesmo as cartas dos apóstolos, vemos com clareza como o amor demonstrado por Jesus era a motivação e não os padrões ditados pela sociedade do seu tempo. Um primeiro encontro que queremos analisar é o de Jesus com a mulher samaritana que vai ao poço buscar água, narrado em Jo 4.1:42.

Algumas coisas nos chamam atenção. Para os judeus os samaritanos deviam ser evitados no que diz respeito a relacionamentos. Porém, para Jesus não era assim. Mesmo sabendo do passado daquela mulher, do qual podemos inferir, que nem pelos seus conterrâneos era bem aceite e talvez por essa razão ela vai ao poço a uma hora em que parece evitar o encontro com os seus conterrâneos (por volta do meio dia). Jesus não deixa de olhar para ela com o grande propósito a que veio ao mundo: o amor de Deus para com o ser humano, a quem veio salvar.

Uma outra narrativa está em Lc 8.26:39, onde Jesus tem um encontro com um homem endemoninhado. Resumindo, o texto nos diz que os demónios pediram para entrar numa grande manada de porcos que por ali passava. O ponto principal para nós aqui é que Jesus, por amor ao homem que há muito sofria, não olhou a matemática que os habitantes daquela cidade fizeram, valorizando mais os 2000 porcos em vez da vida de um homem. Pelo contrário, por amor a uma vida, os porcos não foram poupados.

A Urgência em anunciar o Reino de Deus

Nos dois casos que mencionamos, também vemos a preocupação que ele demonstra com aqueles que não conhecem o evangelho. No caso do homem endemoninhado, depois de estar liberto da legião de demónios, ele tem o desejo de seguir a Jesus. Jesus, porém, tinha em vista o alcance de toda aquela terra e como ele não podia permanecer ali, é a este homem a quem ele confia o anuncio do evangelho do Reino, e por isso não permite que ele o siga.

A mulher samaritana de igual modo, é enviada como missionária para as pessoas da cidade de Sicar. Aquela que era rejeitada, e que evitava o contacto com as pessoas da sua cidade, agora é a que apresenta o Messias prometido e esperado. Tudo isso foi possível porque Jesus olhou para aquela que, aos olhos humanos, nada poderia oferecer às pessoas daquela cidade, mas que, para ele, era o veículo ideal para a proclamação do Reino de Deus.

Jesus relacionou-se com as pessoas, por amor e para que o Reino fosse anunciado. Façamos nós o mesmo. 

Ezequiel Julião