Ao olharmos para a forma como Jesus se relacionou com as pessoas do seu
tempo, precisamos trazer de maneira prática à realidade, para que procuremos
como agentes de Deus no processo de redenção do pecador, andar segundo os
passos de Jesus.
Como vimos em sua atuação, o mestre quebrou paradigmas ligados a religião e
não só, porque sua forma de ver o homem, não era de acordo com os padrões
humanos, mas pelos padrões divinos. Por isso ele não olhava para aquilo que o
homem era, mas para aquilo que ele viria a ser, por obra de Deus na vida da
pessoa.
Para responder a questão sobre as lições a tirar do que observamos na forma
como Jesus se relacionou com justos e pecadores, temos que em primeiro lugar
olhar para nós mesmos, como resultado desse relacionar-se de Jesus com as
pessoas do seu tempo. Se ele não tivesse tido compaixão, ao olhar para Levi que
era considerado uma pessoa a ser excluída do convívio, assim como outros mais
que eram considerados pecadores, nós não teríamos o privilegio de experimentar
essa graça maravilhoso. Porque aqueles que foram alcançados pelo olhar gracioso
de Jesus, foram os obreiros da expansão do evangelho que chegou aos nossos
dias. Assim sendo, um primeiro ensino é que precisamos em todo o tempo olhar
para as pessoas a nossa volta, não por aquilo que elas são ou aparentam ser,
mas por aquilo que Deus pode operar nas suas vidas.
Quando assim procedermos, não faremos distinção entre quem é o justo para o
nosso convívio ou quem é o pecador de quem não queremos sequer estar próximo. O
ponto aqui é: precisamos parar de olhar apenas para aqueles que são nossos
irmãos em Cristo, como quem deve fazer parte do nosso grupo de amizade. É
preciso cultivar relacionamento com pessoas incrédulas, pois são elas que
precisam ouvir o evangelho de Cristo, do qual Ele nos constituiu agentes.
Jesus em seu ministério, tinha como motivação o amor e a urgência de
anunciar o Reino de Deus. Estes dois elementos caminhavam de mãos dadas na
intencionalidade que Jesus tinha quando abordava uma pessoa, como podemos ver
nos textos de Jo 4.1:42 e Lc 8.26:39,
que narram a historia da mulher samaritana e do homem endemoninhado.
Portanto, nossa atuação nos relacionamentos precisa ter como motivação
também esses dois elementos, para que possamos cumprir o mandato de Jesus de
sermos suas testemunhas (At 1:8).
Vivemos tempos em que os relacionamentos são superficiais e digitais,
apesar de todos reconhecerem a necessidade de um relacionamento mais pessoal.
Na verdade, esse é o grande desafio que a Igreja de Cristo precisa preparar-se
para enfrentar. Porque até mesmo nós, que nos afirmamos como um corpo, só nos
encontramos ao domingo por 4 horas se tanto.
Precisamos responder a pergunta: será que essas 4 horas semanais me
habilitam a conhecer o meu irmão, a ponto de afirmar que tenho um
relacionamento que demonstra amor e cuidado? O que dizer então daqueles com
quem passo o maior tempo durante a semana? Atenção que não falo dos familiares,
porque se contabilizarmos o tempo, muitos de nós passam mais tempo com os
colegas de trabalho (40 horas de trabalho semanal), do que com a família (o
pouco tempo que resta do dia, porque as horas de sono não contam). Será que
esses com quem passamos a maior parte do nosso tempo, durante a semana, têm se
sentido amados? Eles ouvem ou veem em nós o evangelho?
Que nós possamos amar como Cristo amou, para que vidas sejam salvas.
Ezequiel Julião
Ezequiel Julião