segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Perfeitos em Unidade: o alvo da parceria nas missões - Carlos Martinez

Anos atrás, ninguém acreditaria na possibilidade de pertencer a uma igreja «virtualmente». Hoje, isso e possível, em parte, pelas redes sociais, mas principalmente devido ao crescimento do individualismo dentro das igrejas. Com o cartaz da liberdade, os individualistas alegam que não precisam do compromisso com uma igreja local, porque podem pertencer a muitas ao mesmo tempo. O autor Eugene Peterson coloca na boca dos individualistas de igreja a seguinte confissão: “Senhor, tenho assumido a mentalidade de um consumidor. Saio à procura de religião como quem sai para comprar mantimento revirando as prateleiras (as igrejas!) para encontrar o que combina com o meu gosto. Perdoa-me!”. Isto também se vê no campo das missões. Cada vez mais aparecem missionários com «complexos de heróis», achando-se com habilidades e recursos suficientes para desenvolver projectos missionários sozinhos, sem o apoio e controle de igreja nenhuma. Também isto é uma realidade nas organizações missionárias que não têm ligação qualquer com igrejas, mas que reclamam para si um tratamento igualitário com aquelas.

O individualismo consiste no pensamento e na acção independentes, sem depender dos outros ou sem se sujeitar às normas gerais. Os individualistas procuram satisfazer os seus próprios objetivos com autossuficiência e independência, opondo-se às intervenções externas nas suas opções pessoais. Por isso, estão contra a autoridade das instituições sobre a sua liberdade individual. Uma característica que ressalta nos individualistas e o egoísmo assim como a falta de cooperação com outros.

Em várias ocasiões, os discípulos de Jesus mostraram um espírito de egoísmo, competitividade e desunião. Ainda precisavam experimentar o «estar em Cristo». Jesus, na oração de João 17 define os alicerces do futuro trabalho missionário dos seus discípulos. Eles tinham que chegar a ser «perfeitos em unidade» (v. 23). Jesus ora para que eles possam ser levados à plena unidade, compartilhando esplendidamente tanto da unidade de propósito quanto da riqueza do amor que vincula o Pai ao Filho. Quando Deus habita no Filho, e ele (através do Espírito) mora naqueles que confiaram nele, então, naturalmente, esses crentes passam a compartilhar todas as riquezas que existem em Cristo: perdão, justiça, amor, alegria, conhecimento, sabedoria, etc.

A unidade dos discípulos, à medida que se aproxima da perfeição, que é seu objetivo, serve para convencer muitos no mundo não só de que Cristo é, de facto, o supremo «locus» da revelação divina como os cristãos reivindicam (que tu me enviaste), mas também de que os próprios cristãos foram envolvidos no amor do Pai pelo Filho, seguros, contentes e plenos porque são amados pelo próprio Todo-Poderoso, com o mesmo amor que ele reserva a seu Filho. Que apelo evangelístico mais constrangedor e irresistível!

Carlos Martinez