Anos atrás, ninguém
acreditaria na possibilidade de pertencer a uma igreja «virtualmente». Hoje,
isso e possível, em parte, pelas redes sociais, mas principalmente devido ao
crescimento do individualismo dentro das igrejas. Com o cartaz da liberdade, os
individualistas alegam que não precisam do compromisso com uma igreja local,
porque podem pertencer a muitas ao mesmo tempo. O autor Eugene Peterson coloca
na boca dos individualistas de igreja a seguinte confissão: “Senhor, tenho
assumido a mentalidade de um consumidor. Saio à procura de religião como quem
sai para comprar mantimento revirando as prateleiras (as igrejas!) para
encontrar o que combina com o meu gosto. Perdoa-me!”. Isto também se vê no
campo das missões. Cada vez mais aparecem missionários com «complexos de
heróis», achando-se com habilidades e recursos suficientes para desenvolver
projectos missionários sozinhos, sem o apoio e controle de igreja nenhuma.
Também isto é uma realidade nas organizações missionárias que não têm
ligação qualquer com igrejas, mas que reclamam para si um tratamento
igualitário com aquelas.
O individualismo
consiste no pensamento e na acção independentes, sem depender dos outros ou
sem se sujeitar às normas gerais. Os individualistas procuram satisfazer os
seus próprios objetivos com autossuficiência e independência, opondo-se às
intervenções externas nas suas opções pessoais. Por isso, estão contra a
autoridade das instituições sobre a sua liberdade individual. Uma
característica que ressalta nos individualistas e o egoísmo assim como a
falta de cooperação com outros.
Em várias ocasiões, os
discípulos de Jesus mostraram um espírito de egoísmo, competitividade e
desunião. Ainda precisavam experimentar o «estar em Cristo». Jesus, na
oração de João 17 define os alicerces do futuro trabalho missionário dos
seus discípulos. Eles tinham que chegar a ser «perfeitos em unidade» (v. 23).
Jesus ora para que eles possam ser levados à plena unidade, compartilhando
esplendidamente tanto da unidade de propósito quanto da riqueza do amor que
vincula o Pai ao Filho. Quando Deus habita no Filho, e ele (através do
Espírito) mora naqueles que confiaram nele, então, naturalmente, esses
crentes passam a compartilhar todas as riquezas que existem em Cristo: perdão,
justiça, amor, alegria, conhecimento, sabedoria, etc.
A unidade dos
discípulos, à medida que se aproxima da perfeição, que é seu objetivo,
serve para convencer muitos no mundo não só de que Cristo é, de facto, o
supremo «locus» da revelação divina como os cristãos reivindicam (que tu me
enviaste), mas também de que os próprios cristãos foram envolvidos no amor
do Pai pelo Filho, seguros, contentes e plenos porque são amados pelo próprio
Todo-Poderoso, com o mesmo amor que ele reserva a seu Filho. Que apelo
evangelístico mais constrangedor e irresistível!
Carlos Martinez